Em Curitiba, Alckmin nega ser “presidenciável”

Recusando a condição de presidenciável que lhe vem sendo atribuída há algum tempo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que seu partido vem crescendo e se consolidando nos grandes centros urbanos, criando uma possibilidade concreta de alternância no poder em 2006.

“Mas não é hora de precipitar o debate. Primeiro sou candidato a fazer um bom governo em São Paulo. Tive um bom professor, que foi o governador Mário Covas, e discussões sucessórias precoces só atrapalham a administração e comprometem a governabilidade.”

Alckmin veio ontem a Curitiba trazer seu apoio à candidatura do correligionário Beto Richa à Prefeitura e participar de uma caminhada pela Rua XV de Novembro, prevista para terminar na Boca Maldita. O local foi tomado por um barulhento grupo de cerca de 250 militantes petistas, portando as bandeiras vermelhas que praticamente haviam desaparecido das ruas nesta campanha. Ao som de apitos e gritos de ordem, o grupo colocou-se de forma a impedir o avanço da caminhada tucana. Para evitar provocações, o comando da passeata optou por encerrá-la na altura da Rua Ébano Pereira.

Um grande número de policiais militares foi deslocado para a Boca, mas não chegou a intervir no confronto das duas militâncias. Alckmin estava acompanhado pelo secretário da Casa Civil de São Paulo, Arnaldo Madeira, e pelo deputado federal Fábio Feldman. Participaram da caminhada os senadores Alvaro (PSDB) e Osmar Dias (PDT), o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB), Euclides Scalco, o prefeito de Ponta Grossa, Pedro Wosgrau (PSDB), deputados federais e estaduais do Paraná, vereadores e lideranças dos partidos que apóiam a coligação Curitiba Melhor pra Você.

Equilibrio

O candidato Beto Richa apresentou Alckmin como “um governador que precisamos no Paraná, preparado, sereno, equilibrado e que não fica esbravejando a todo momento nem usando a TV Educativa, que é um bem público, para beneficiar o partido que apóia”. Segundo o tucano, além de um divisor de águas em relação ao futuro da política estadual, a campanha municipal está servindo também para “reaglutinar políticos e parlamentares que querem o bem do Estado”.

Foi saudado por Alckmin como um candidato “preparado para ser um ótimo prefeito, que fará um governo mais próximo das pessoas, amassando barro e comendo poeira”. Disse que fez questão de vir a Curitiba “trazer-lhe um abraço muito forte, também pelo apreço a seu pai, um dos políticos mais honestos que este país já teve. E estou certo de que se o governador Mário Covas fosse vivo, faria a mesma coisa”.

Indagado sobre sua participação na campanha, onde é o principal cabo eleitoral de José Serra na disputa pela Prefeitura paulistana, afirmou que apoiar candidatos faz parte do processo democrático: “O que a lei não permite é utilizar recursos públicos ou inauguração de obras em favor deste ou daquele candidato, o que estamos observando rigorosamente em São Paulo”. Ele não quis analisar as posições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem do governador Roberto Requião (PMDB) em relação ao assunto: “O que posso dizer é que em São Paulo já temos experiência em ganhar do PT. Não se cresce falando mal do adversário. Quem ataca não está confiante nas próprias forças”, aconselhou, manifestando confiança na vitória do PSDB em Curitiba e em São Paulo.

Partido avalia caso do PT

Não foi só o PSDB que fez ataques aos adversários de Beto Richa. A executiva estadual do PPS e a direção municipal do partido em Curitiba estão convocando os deputados, vereadores eleitos na cidade e a chapa de candidatos a vereador para reunião amanhã.

O propósito da reunião é examinar a propaganda petista que associa Rubens Bueno ao candidato do PT, Angelo Vanhoni. O PPS considera a propaganda enganosa, induzindo o eleitor a acreditar que Rubens está apoiando o petista, o que é falso, porque o partido declarou-se independente no segundo turno da eleição em Curitiba.

O PPS já obteve na Justiça eleitoral liminar parcial proibindo o PT de usar expressões que associem Rubens a Vanhoni, mas o partido quer direito de resposta para esclarecer a situação. “Acreditamos que a propaganda petista é enganosa, ilegal e imoral. Se porventura o TRE não declarar sua ilegalidade, resta o aspecto moral, que deveria ser levado em conta por um partido que se diz, ou pelo menos se dizia, ético”, afirmou o secretário-geral do PPS, Rubico Camargo.

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