Eleição tucana favorece uma aliança com o PDT

A promessa de que não seria candidato ao governo do Estado no ano que vem e de que se empenharia em trazer o irmão, o senador Osmar Dias (PDT), para o partido não foi suficiente para garantir a presidência do PSDB paranaense ao senador Alvaro Dias. Por 30 votos a 15 o deputado estadual Valdir Rossoni foi escolhido para substituir o prefeito Beto Richa no comando da sigla até agosto, quando será realizada a convenção estadual para eleger o novo diretório tucano.

Antes mesmo da votação, ontem de manhã, no Hotel Rayon, o líder da bancada na Assembléia Legislativa, deputado Ademar Traiano, apresentou à mesa diretora um documento de apoio a Rossoni com as assinaturas de 28 dos 45 membros do diretório com direito a voto. O processo de escolha do novo presidente para o mandato-tampão foi coordenado pelo deputado federal Afonso Camargo, a pedido do presidente em exercício, deputado Hermas Brandão, e durou pouco mais de uma hora.

Além de Beto Richa, que se despediu oficialmente do posto, só os dois candidatos fizeram discursos, ambos conclamando à união do PSDB com vistas às eleições do ano que vem. Alvaro colocou-se como defensor da candidatura própria ao Palácio Iguaçu, enquanto Rossoni destacou a importância de manter as alianças que renderam vitórias importantes nas eleições do ano passado. Depois da apuração, Rossoni disse que vai trabalhar para manter o PSDB unido e Alvaro garantiu que permanece na legenda, ao contrário dos boatos que davam conta de que ele poderia se bandear para o PP.

Disputa salutar

Richa abriu o encontro considerando a disputa entre Rossoni e Alvaro natural na prática democrática interna. Disse que o PSDB tem plenas condições de lançar candidatura própria no ano que vem, manifestou confiança na unidade do partido e disse que vai se esforçar ao máximo para estar presente no interior: ?Minha prioridade é administrar Curitiba, por isso entendo que é preciso ter à frente do diretório alguém com maior disponibilidade para prepará-lo para as próximas eleições?.

Rossoni observou que a eleição de Alvaro poderia entecipar o debate sucessório, frisou que tinha sinal verde do diretório nacional para apresentar sua candidatura e a meta de trabalhar pelo fortalecimento da sigla com vistas a 2006.

Alvaro fez um breve relato de seus 38 anos de vida pública e assegurou aos correligionários que não postula a candidatura ao governo, ?especialmente se for presidente do diretório?. Disse que sua primeira iniciativa seria convidar Osmar para integrar os quadros tucanos e que acreditava que teria mais êxito na tarefa na condição de dirigente do PSDB: ?Estou seguro de que Osmar não se filiará ao PSDB passando sobre o irmão que o introduziu na vida pública. Temos defeitos, é evidente, mas não nos falta caráter. Se Osmar vier para o PSDB virá por intermédio do irmão. E se for candidato ao governo, terá o meu apoio. Não sei como podem imaginar um confronto entre irmãos. Isso jamais acontecerá?, assegurou, confirmando o que já havia dito em entrevistas a emissoras de rádio pela manhã.

Também avaliou que a disputa não deixará constrangimentos ou mágoas nem provocará perdas: ?Quem deixa uma legenda por perder disputa, deixa porque os interesses pessoais se soprepõem aos partidários?, frisou.

Candidatura própria perde força

Após a apuração dos votos que deram vitória a Valdir Rossoni, o senador Alvaro Dias avaliou que a tese da candidatura própria sai enfraquecida porque o grupo vencedor vem se mostrando mais propenso a uma aliança que pode reservar para o PSDB o papel de coadjuvante. Fora da presidência do partido ele acha que perde a condição de interferir decisivamente para arregimentar adesões que reforçariam os quadros tucanos, inclusive a do próprio irmão. Mas disse ter esperanças de que isso ainda ocorra.

Alvaro criticou a bancada estadual que, em sua opinião, tem se comportado como linha auxiliar do governo estadual, disse que o partido precisa ter uma postura bem clara de oposição também ao governo do Estado e que vai cobrar isso publicamente. Finalmente, garantiu que não sai do PSDB, embora tenha recebido convites de outras agremiações: ?Minha palavra é uma só?.

Rossoni retrucou que, como líder da oposição, tem se dedicado com afinco a desempenhar o seu papel de fiscalizador e crítico da administração estadual: ?Mas não posso afrontar uma decisão de bancada em relação a isso?. Afirmou que vai trabalhar pela candidatura própria ?sem perder de vista que temos aliados. É preciso conjugar forças políticas para vencer eleições?. Sobre a atração de novas lideranças, disse que o fato de Alvaro assegurar que não postulará o Palácio Iguaçu até facilita a tarefa. Referiu-se mais especificamente a Osmar Dias, cuja candidatura vem defendendo abertamente desde o ano passado. Também afastou a hipótese de defecções em represália à sua eleição: ?De minha parte, vou fazer tudo para que o senador Alvaro Dias e seu grupo se sintam bem e prestigiados dentro do PSDB?. (SCP)

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