Dirceu diz que operação é “tentativa de atingir” Lula

Ovacionado em um evento petista em Porto Alegre, o ex-ministro José Dirceu defendeu em discurso a atuação das agências reguladoras, principal alvo da Operação Porto Seguro da PF, e disse que há uma “tentativa clara de atingir” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque a eleição municipal mostrou que o mensalão não teve efeito.

Dirceu falou ontem de manhã para militantes, por 40 minutos, e abordou em diversas ocasiões o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).

Demonstrou ter pouca esperança na reversão da pena com os recursos, mas citou a possibilidade de uma nova votação entre os juízes sobre a condenação por formação de quadrilha.

“[Falo com] a prudência de alguém que está condenado a dez anos e dez meses de prisão e vai cumprir um sexto disso em regime fechado e um sexto em regime aberto.”

O petista atacou o Judiciário e lembrou a ex-corregedora de Justiça Eliana Calmon, que, para ele, denunciou que esse era o poder mais corrupto do país “seis meses atrás”. Disse que o Brasil precisa “enfrentar uma discussão” sobre o assunto e que todos os estrangeiros com quem fala afirmam que houve “julgamento político de exceção”.

Em diversos momentos, Dirceu criticou os meios de comunicação. Defendeu a “regulação” da mídia, que disse não ter relação com a censura, e o fim “do monopólio” do setor.

Agências

Ao fazer um balanço do governo Dilma Rousseff, afirmou: “A possibilidade de nós governarmos o país mais oito ou 12 anos é real”.

Sem citar diretamente a Operação Porto Seguro nem a ex-chefe de gabinete Rosemary Noronha, o ex-ministro disse que as agências de regulação estão mais atuantes do que nunca e negou aparelhamento nesses órgãos.

“Quando a Aneel [Agência Nacional de Energia] ou a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] fiscalizaram as telefônicas ou as empresas de energia como está sendo fiscalizado agora?”

O encontro no Rio Grande do Sul foi promovido pela corrente Unidade e Luta, liderada pelo deputado federal gaúcho Paulo Ferreira, ex-tesoureiro nacional do PT.

Dirceu tirou fotos com simpatizantes e, em diversas ocasiões, foi aplaudido pelo público. Militantes chamaram-no de “guerreiro” e gritaram: “Mexeu com ele, mexeu comigo”.

O petista deixou o local sem falar com a imprensa. A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) chegou ao encontro no momento em que Dirceu se despedia e disse se solidarizar com ele.