A presidente da República, Dilma Rousseff, participou na manhã deste sábado (23) de um encontro com mais de 150 prefeitos e vice-prefeitos do Rio Grande do Sul, no segundo dia de campanha no Estado. Em seu discurso, Dilma lembrou que já foi secretária da Fazenda de Porto Alegre na década de 80, na gestão do então prefeito Alceu Colares, e por isso conhece as dificuldades de uma Prefeitura. “Houve um tempo no Brasil em que os prefeitos eram recebidos (em Brasília) não com diálogo, não com aceitação de que é possível ter diferenças para chegar a um consenso”, afirmou. “Naquela época a interlocução era feita com a polícia, com o cachorro na rua, era feito de uma forma que não era aquela que um País que se quer republicano e democrático e que tem compromisso com federação deve ter com municípios.”

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Segundo Dilma, o governo do ex-presidente Lula promoveu uma “ruptura” com o passado autoritário do Brasil, ao estimular o diálogo e o convívio com os prefeitos. “A partir de 2003 o governo inteiro foi aberto ao diálogo com prefeitos. Não era só chegar ao presidente, era chegar a todos os ministérios”, disse, complementando que esta parceria republicana levou a uma parceria respeitosa e útil para o Brasil.

A presidente lembrou o apoio do governo federal ao aumento de 1 ponto porcentual no Fundo de Participação dos Estados – o Senado aprovou no início de agosto o projeto que deve estimar em R$ 3,8 bilhões a elevação do repasse. “Nós sabemos que é importante garantir e preservar a autonomia das prefeituras para garantir o custeio”, falou a presidente.

Dilma também disse que, sem os prefeitos, uma série de programas sociais não teria saído do papel, entre eles o Bolsa Família. Ela aproveitou para repudiar o uso político dos programas sociais. “O Bolsa Família está baseado no cartão que é pessoal”, afirmou. “Ninguém deve nada a ninguém. É direito do cidadão receber.”

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O evento em Porto Alegre foi organizado pelo Comitê Suprapartidário de Prefeitos do RS e contou com a participação de representantes de partidos que não compõem a coligação do PT no Estado, como o PMDB, do vice-presidente Michel Temer, o PDT e o PP – as três legendas têm candidatura própria ao Palácio Piratini.

Segundo o presidente do PT no Rio Grande do Sul, Ary Vanazzi, 13 legendas apoiam Dilma e Temer no Estado. “Estamos do lado do governo que fez o maior programa de habitação do País”, disse o prefeito Saulo Dias (PP), de Rio dos Índios. A candidata progressista ao governo estadual, Ana Amélia Lemos, apoia a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência. Segundo Dias, o governo de Dilma sempre recebeu bem suas demandas, sem perguntar de que partido eram.

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Já o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), falou da importância de os gestores públicos municipais terem aprimorado sua relação com o governo federal ao longo dos últimos anos, e disse que é preciso continuar com esse processo. Ele também mencionou o esforço feito pelo governo para aumentar os recursos destinados às cidades brasileiras. “Nos últimos anos 10 anos o FP (Fundo de Participação dos Municípios) cresceu 227%. Não podemos negar que há um crescimento real”, disse.

O PDT, que chegou a fazer parte do governo de Tarso Genro (PT), hoje faz oposição aos petistas no Estado e trabalha pela candidatura do deputado federal Vieira da Cunha ao Palácio Piratini. Grande parte da base do partido no RS declarou apoio ao PSB de Marina Silva na disputa pela Presidência.

Petrobras

A presidente Dilma disse ainda que não falaria sobre o acordo de delação premiada aceito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. “Eu não tenho o que comentar sobre esta questão”, afirmou na saída de um evento com prefeitos gaúchos, em Porto Alegre. “Não tenho a menor ideia do acordo entre aqueles interessados”, limitou-se a dizer, ao ser questionada sobre a notícia. “Eu não vou comentar.”

Este é o segundo dia da agenda de Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul. Ontem (22) ela visitou uma estação de trem em Nova Hamburgo e participou de comício do PT.