Depoimento de Alberto Youssef é adiado

Algemado e acompanhado por cinco policiais federais e dois advogados, o doleiro Alberto Youssef saiu ontem de manhã da sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está detido desde domingo, e foi levado para depor na 2.ª Vara Criminal da Justiça Federal. O depoimento deveria ser ouvido pelo juiz Sérgio Fernando Moro e pelo procurador da República, representante da Força Tarefa, Vladimir Aras. No entanto Youssef se reservou ao direito de não falar, alegando não ter conhecimento do processo. A nova data designada pelo juiz para seu depoimento é dia 13 de novembro.

“O acusado exerceu o direito de permanecer em silêncio, mas se comprometeu a colaborar. A acusação está bem fundamentada e detalhada, e esperamos agora ouvir o contraditório”, disse Aras. No dia 14 de novembro, o perito Eurico Montenegro será ouvido pela Justiça Federal. A partir do dia 1.º de dezembro já estão marcados depoimentos de testemunhas.

A prisão preventiva de Alberto Youssef foi decretada pela 2.ª Vara Criminal no dia 28 de outubro. De acordo com as investigações do MPF, o doleiro proprietário da empresa Youssef Câmbio e Turismo Ltda, sonegou cerca de R$ 118 milhões (valor atualizado) em impostos, entre 1996 e 1999. Além disso, ele movimentou cerca de R$ 3,3 milhões em uma conta de sua cunhada, Cristina Fernandes da Silva, no Banestado de Nova York. Cristina também foi denunciada pelo MPF, assim como o contador de Youssef, Celso Cornélio Filho, que teria forjado declarações de rendimentos de Cristina para amparar a movimentação financeira da conta.

Processos

Alberto Youssef também é acusado de crime contra a ordem tributária, falsidade ideológica e crime contra o sistema financeiro. “Ele é acusado de sonegação fiscal e evasão de divisas por meio da conta de Cristina Fernandes da Silva, sua cunhada. Ela tinha uma conta comum, que era administrada por ele”, explicou o procurador. Segundo ele, Youssef era o responsável pela manutenção da conta no exterior. “A Cristina tinha uma conta no Brasil, e remetia o dinheiro para uma CC5 no IFE, uma entidade financeira do Uruguai. De lá ele transferia o dinheiro para a agência Banestado de Nova York.”

Eroni Miguel Peres (cunhado do doleiro) e Paulo César Stinghen, que também tiveram prisão decretada no dia 28 de outubro, ainda não foram presos. De acordo com as investigações do MPF, ambos são proprietários da empresa Proserv, uma empresa de fachada usada por Youssef para movimentação ilegal de valores.

Segundo o advogado de Londrina, João Gomes Filho, a defesa não pode ser preparada porque eles só tiveram conhecimento do processo, que tramitou em segredo de justiça, na segunda-feira. “São 29 volumes e a defesa teve apenas sete horas para conhecer seu teor. O cliente não tem como enfrentar um processo dessa natureza. Ele foi preso no domingo e seu depoimento foi marcado muito rápido. Meu cliente pediu a cópia do processo, mas nem eu tinha”, justificou.

Já o advogado Antônio Augusto Figueiredo Bastos, de Curitiba, afirmou que deverá ir para Porto Alegre na próxima terça-feira, para entrar com um pedido de habeas corpus no TRF da 4.ª Região. “Pedimos vistas no processo para termos uma defesa mais substanciosa.” Para ele não há necessidade de manter Alberto Youssef na prisão. “A prisão é desnecessária. Vamos pegar os outros quatro habeas corpus que já conseguimos e demonstrar que não há necessidade da prisão, já que ele não representa perigo à ordem pública”, afirmou. Figueiredo Bastos contestou ainda a afirmação de que seu cliente estaria sendo acusado de evasão de divisas.

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