Denúncia liga Palmieri ao “caixa 2”

Fabiane Prohmann

As investigações sobre o uso de um possível “caixa 2” na campanha à reeleição do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL), podem agora incomodar candidatos que não participaram da coligação que o elegeu nas eleições de 2000. Isso porque um dos supostos envolvidos no caso, Emerson Palmieri, primeiro secretário nacional do PTB, é um dos coordenadores da campanha de Ciro Gomes (PPS) e segundo suplente de um dos candidatos ao Senado da coligação, Tony Garcia (PPB).

No Paraná, a aliança formada pela Frente Trabalhista (PDT, PPB, PTB, PTN, PRP e PTdoB), que tem como candidato ao governo o senador Álvaro Dias, não tem nenhuma ligação com o PPS de Ciro Gomes. Aqui, o candidato do partido ao governo é o deputado federal Rubens Bueno, da coligação Vote Limpo 23 (PPS e PV). “Esta denúncia não prejudica em nada a minha candidatura. No Paraná nós fazemos um trabalho com o Ciro há anos, e não é porque ele está aliado nacionalmente que pode trazer algum problema”, opina.

Para Bueno, nem mesmo Ciro Gomes deverá ser afetado. “Tenho certeza de que o Ciro vai fazer o melhor para evitar qualquer coisa que possa atrapalhar sua candidatura”. A função de Emerson Palmieri na campanha de Ciro Gomes é organizar comícios, mobilizações de ruas e fazer encomendas de material impresso. Ele e mais duas pessoas fazem parte da equipe denominada ?coordenação de estrutura?.

O deputado estadual Tony Garcia também não acredita que o fato de Palmieri ser seu segundo suplente possa prejudicar sua campanha. “Ele foi indicado pela coligação e não vejo problema nenhum nisso. Além do mais, para mim ninguém é culpado até provarem o contrário”, afirma.

Investigações

Em novembro do ano passado o jornal Folha de São Paulo publicou matéria que comprovaria que a Coligação Curitiba Sempre Com Você (PFL, PRP, PTB, PSC, PSB, PST, PL, PSL, PTdoB, PTN e PRN) teria omitido valores gastos durante a campanha. Segundo a denúncia o PFL não teria registrado na Justiça Eleitoral R$ 29,8 milhões. A prestação ao TRE foi de que teriam sido gastos R$ 3,11 milhões. O uso de um caixa paralelo foi confirmado pelo tesoureiro da campanha, Francisco Paladino Júnior, aos membros da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público.

No início de janeiro, depois de dois meses de investigações, o Ministério Público encaminhou o caso à Polícia Federal, já que a Promotoria concluiu que não poderia apurar possíveis crimes eleitorais. O inquérito, que ainda não foi concluído, é composto por doze volumes, onde constam mais de trinta testemunhas, além de recibos, notas fiscais e laudos de exames grafotécnicos feitos pelo Instituto de Criminalística.

No livro caixa paralelo, entregue por Paladino, Emerson Palmieri é citado como receptor de R$ 560 mil. De acordo com os registros, o ex-presidente do PTB teria recebido R$ 360 mil em 10 de agosto de 2000, e R$ 200 mil em 4 de setembro do mesmo ano, num total de R$ 560 mil. Atualmente, ele é assessor direto do presidente do partido, deputado federal José Carlos Martinez, que segundo a revista Veja está sendo investigado pela Receita Federal de enriquecimento ilícito. O PTB indicou o vice-prefeito, Beto Richa, na aliança com Taniguchi nas últimas eleições.

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