Delegados da PF cobram política de segurança

Em carta ao ministro José Eduardo Martins Cardozo (Justiça), delegados da Polícia Federal (PF) expõem ansiedades e aflições da classe e colocam à mesa uma pauta de metas e ações que reputam vitais para o futuro da corporação. O documento “PF e a segurança pública” foi produzido pelo Sindicato dos Delegados da PF em São Paulo, Estado onde a corporação detém maior contingente de homens.

São cinco páginas nas quais os delegados pontuam medidas para o combate ao crime organizado. A carta não guarda um gênero hostil nem de cobranças. Adota uma linha de sugestões, distribuídas em nove capítulos. Alguns aspectos são abordados com maior preocupação e intensidade – falta de recursos, quadros reduzidos, as fronteiras extensas e desprotegidas e necessidade de valorização da área de inteligência para ampliar o cerco a fraudadores do Tesouro, narcotraficantes e o mercado negro de armas.

“Não existe no Brasil uma política de segurança pública, o que enfraquece e desvirtua a atuação do Estado no combate ao crime organizado”, assinala o texto, formalmente subscrito pelo delegado Amaury Portugal, presidente do sindicato e diretor regional da Associação Nacional dos Delegados da PF.

Embora não preparado pela administração geral da PF, o documento expressa pensamentos e pleitos da maioria dos delegados, mesmo daqueles que não são ligados ao sindicato. Os federais ressaltam que sua pretensão é alertar o governo para pontos vulneráveis da instituição que tem a missão constitucional de combater a corrupção e desvios de recursos públicos.

Diretor-geral

A PF terá novo diretor-geral a partir de sexta-feira. Toma posse o delegado Leandro Daiello Coimbra, ex-superintendente regional da PF em São Paulo. Nos oito anos de governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a PF, vinculada ao Ministério da Justiça, desencadeou sucessão jamais vista de operações de rua, muitas delas marcadas por cenas de cinema – foram 1.273 missões que resultaram na prisão de 15.754 suspeitos, dos quais 1.882 servidores públicos e 99 agentes e delegados da própria instituição.

O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, já transmitiu sua orientação e o modelo da PF que quer nas ruas. “A Polícia Federal tem de ser polícia de Estado, não de governo, sem espetacularização de ações.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.