Dançarino de zouk, alvo de processos por agressão e questões trabalhistas no Rio, pai de uma criança russa e foragido da Justiça. Eduardo Fauzi Richard Cerquise, de 41 anos, identificado pela Polícia Civil como um dos autores do ataque com coquetéis molotov contra a produtora do Porta dos Fundos na véspera do Natal, é conhecido por seus passos de dança. Nas ruas, porém, já marchou com a esquerda nos protestos de julho de 2013 e integrou a seção fluminense de uma organização de extrema-direita que emula o fascismo brasileiro dos anos 1930.

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Extremos parecem marcar a vida do economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que agrediu pelas costas um secretário municipal diante de câmeras de TV há seis anos. Agora, militância, processos e controvérsias estão longe: um dia antes de ter a prisão decretada pela Justiça, em 2019, Fauzi foi para a Rússia, onde se encontra até hoje. Ainda não há confirmação se a Justiça brasileira vai pedir sua extradição.

“Prisão é um evento intenso em qualquer escala”, afirmou o economista, em entrevista ao site Projeto Colabora. Ele já foi detido mais de uma vez. Na mais conhecida, foi dominado após golpear na cabeça o então secretário municipal da Ordem Pública do Rio, Alex Costa, no Centro do Rio, durante operação contra estacionamentos ilegais – ele se identificava como presidente da Associação dos Guardadores de Carros São Miguel.

Em vídeo, Fauzi defendeu a atitude como reação a uma iniciativa que considerava injusta. “Foi a tapa (sic) mais bem dada que já pude dar na minha vida. Tenho certeza de que minha mão teve o peso de um milhão de pessoas que foram removidas irregularmente, tiveram suas mercadorias apreendidas e não puderam se defender pelos meios adequados. Tenho certeza que muita gente se sentiu autor daquele tapa.”

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Grandalhão e corpulento, Fauzi foi imobilizado e algemado por guardas municipais, que o derrubaram no chão. A agressão a Costa lhe rendeu um processo por lesão corporal, mas o caso prescreveu. Apesar disso, ele acabou condenado posteriormente a quatro anos de prisão por coação durante o processo. Ele recorre em liberdade. Atualmente, tem outras anotações criminais, algumas por violência, em casos que não chegaram a ir a julgamento. Fauzi tem ainda processos na Justiça trabalhista, por supostas irregularidades quando era dono de um posto de gasolina na zona norte do Rio.

Manifestação

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Fauzi foi um dos centenas de detidos nas manifestações de junho de 2013. Hoje associado à direita, o economista foi defendido, na ocasião, por símbolos das manifestações ligadas à esquerda, como Elisa Quadros, também conhecida como Sininho. Em vídeo que circulou na ocasião, Sininho e um ativista conhecido como Game Over pedem a liberdade de Fauzi e outros. Game Over e outro jovem chegaram a fazer greve de fome pela soltura dos manifestantes detidos. Elisa não respondeu aos contatos feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A polícia chegou a Fauzi por meio de imagens de câmeras de segurança do bairro do Humaitá, na zona sul do Rio. Em 30 de dezembro, policiais obtiveram mandados de busca e apreensão para endereços relacionados a Fauzi e também sua prisão temporária. Era tarde: o economista embarcara para a Rússia na véspera.

Agora foragido da Justiça, Fauzi tem namorada e um filho na Rússia. Ele é famoso em grupos de zouk, dança de salão da qual é entusiasta. Em entrevista à Bandnews, ele afirmou que a viagem já estava programada, uma vez que ele queria passar o Natal ortodoxo com o menino e a mulher – a celebração ocorreu nesta terça-feira, 7. Disse ter passagem de volta comprada para o dia 30. Mas avisou: se sentir que sua segurança está em perigo, pode resolver não vir para o Brasil no momento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.