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Passeata fecha ruas de Curitiba em dia de protestos contra o governo

Reitores de universidades federais, centrais sindicais e organizações estudantis convocaram uma paralisação nacional nesta quarta-feira (15) contra o governo de Jair Bolsonaro. Estão programadas greves em vários estados, durante a manhã e à tarde, em protesto contra a reforma da Previdência e os cortes na educação.

Na Grande Curitibametalúrgicos de diversas empresas protestaram no inicio de seus turnos, por volta das 6 horas, ato que deve se repetir a cada troca de jornada, ao longo do dia. As manifestações estão marcadas para as 18h. Também no começo da manhã, educadores e estudantes se mobilizam na Praça Santos Andrade, no Centro, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná. A partir das 10h, os manifestantes seguem em caminhada ao Centro Cívico.

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Motivação

A causa principal dos protestos é o bloqueio de 5% do orçamento anual do MEC, R$ 7,4 bilhões de um total de R$ 149 bilhões. A Força Nacional realizará um esquema especial de segurança em frente ao edifício do Ministério da Educação (MEC), em Brasília.

Nas universidades públicas o congelamento de gastos atingirá 3,5% do orçamento de cada instituição, das chamadas verbas “não obrigatórias”. Caso “a reforma da Previdência seja aprovada e entre dinheiro em caixa”, afirmou o ministro da Educação Abraham Weintraub, o dinheiro será desbloqueado.

Os bloqueios nas universidades públicas somam R$ 2 bilhões e, apesar de não chegarem a atingir salários, aposentadorias e outros gastos obrigatórios (cerca de 86% do orçamento de cada universidade), podem comprometer o funcionamento das instituições no segundo semestre. As verbas não obrigatórias incluem o pagamento de água, luz, material de escritório, investimentos em obras e reformas, etc.

Metalúrgicos aproveitaram a data para manifesto contra a reforma na Previdência. Foto: Divulgação/SMC
Metalúrgicos aproveitaram a data para manifesto contra a reforma na Previdência. Foto: Divulgação/SMC

As centrais sindicais aproveitaram a mobilização pela educação para se manifestar também contra a reforma da Previdência. Com isso, professores de escolas particulares também decidiram participar dos protestos.

Entre os outros motivos para a paralisação desta quarta estão as críticas do Ministério da Educação aos cursos de humanas e o estudo do corte de recursos para essas graduações.

Curitiba

Professores das escolas estaduais do Paraná vão paralisar as atividades durante a greve pela educação convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Por isso, a promessa é de dia sem aulas na rede, tanto no interior do estado quando em Curitiba e região. Já as escolas municipais e os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) da capital não vão interromper as atividades.

A mobilização também pode impactar nos atendimentos prestados no Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná, cujos servidores técnico-administrativos – o que não inclui médicos – também decidiram parar.

Segundo a APP-Sindicato, entidade que representa os professores da rede estadual, núcleos do sindicato participarão de atos por todo o estado e isso inclui a suspensão das atividades letivas. A Secretaria de Estado da Educação (Seed), no entanto, afirmou que a quarta-feira será dia normal para o calendário escolar e que, por isso, orienta que “as aulas ocorram normalmente em todas as instituições de ensino da rede estadual da educação básica”. Ainda conforme a pasta, professores ausentes terão o dia descontado dos salários.

Servidores das universidades federais do estado se juntaram aos atos na manhã dessa quarta. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Servidores das universidades federais do estado se juntaram aos atos na manhã dessa quarta. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Servidores das universidades federais do estado e do Hospital de Clínicas da UFPR também decidiram, em assembleia, se juntar aos atos. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná (Sinditest-PR), a mobilização promete ter adesão de boa parte da categoria, o que, no HC, pode afetar serviços como atendimento, internamentos e os prestados na área ambulatorial (exames e consultas eletivas). A mudança na escala não vai afetar atividades de urgência, emergência e de serviços de alta complexidade, como as Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Servidores municipais, incluindo professores das escolas da rede municipal e das CMEIs, vão integrar a mobilização por meio do esquema de “representação”, o que significa que só irão participar das manifestações quem estiver fora da sala de aula.

A Superintendência Municipal de Trânsito (Setran) afirmou no fim da tarde desta terça que ainda não havia sido comunicada sobre os protestos e que, portanto, até este momento, não há bloqueios programados para a região no entorno dos atos.

A partir das 10h30, a passeata dos manifestantes em direção ao Centro Cívico causou problemas no tráfego em algumas vias do Centro da cidade, conforme informações da Setran. Após passarem pela Marechal Deodoro, os manifestantes tomaram a Marechal Floriano, contornaram a Praça Tiradentes e fecharam a Cândido de Abreu até chegar à Praça Nossa Senhora de Salete. De lá, eles foram até a Assembleia Legislativa do Paraná, onde estavam reunidos até por volta do meio dia.

Resposta do governo

Nesta terça, o ministro da Educação não descartou novos cortes na pasta por motivos econômicos – nem seu apoio caso isso seja necessário. Em evento com jornalistas, afirmou que depende de futuras decisões do Ministério da Economia, mas que protestará caso “eles forem contingenciar o contingenciado”.

“Sou economista”, disse. “É difícil ver alguém de um ministério social se recusando a atacar o ministério da Economia se ele estiver fazendo o trabalho dele. Eu vou bater de mão fechada se eles forem contingenciar o contingenciado. Eu tenho condição de saber se eles estão fazendo um trabalho direito”.

Às 10 horas da manhã desta quarta-feira, Weintraub estará na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos aos parlamentares sobre os rumos no Ministério da Educação.

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