Críticas do PT irritam os aliados do governador

A suspeita de que as críticas do presidente estadual do PT, deputado André Vargas, ao governo do Estado podem ter inspiração em Brasília causaram um mal-estar entre os aliados do governador Roberto Requião (PMDB) na Câmara Federal. Solidários, os deputados federais do Paraná que apóiam o governador sinalizaram ao Palácio Iguaçu que podem reagir na hora de votar as propostas de reforma previdenciária e tributária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. A aliança entre PT e PMDB para a prefeitura de Curitiba também pode ser afetada pela desconfiança de que Vargas segue orientação nacional.

Inicialmente, os aliados do governador acharam que as posições de Vargas eram isoladas. Vargas vem se chocando com o governo do Estado, em vários momentos. Um deles foi na presidência da CPI do Pedágio na Assembléia Legislativa, onde avalizou o relatório que isentava as concessionárias do serviço de responsabilidade pelos valores da tarifa, considerados excessivos pelo governo.

No encontro estadual do partido realizado no final de semana, Vargas repetiu seus ataques ao governo. O diretório reafirmou a aliança com o governo, mas o assunto virá a tona novamente no dia 1.º de agosto, quando o partido realiza um seminário em que a relação com o governo de Requião estará outra vez em pauta.

A desconfiança de que Vargas está seguindo uma orientação nacional foi reforçada com a publicação na edição do último domingo do jornal O Estado de S. Paulo de uma matéria ilustrada com declarações do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, questionando algumas medidas adotadas por Requião no Paraná, como a suspensão de contratos feitos pelo governo anterior com empresas privadas e o tratamento que o governador paranaense vem dando ao problema do pedágio. Na matéria, Requião é retratado como um amigo incômodo para Lula.

“Não é bom para a economia brasileira nem para a possibilidade de parceria entre o Estado e a iniciativa privada nenhum caminho que signifique o desrespeito ao Estado de Direito e aos contratos”. Esta foi uma das declarações atribuídas a Mercadante pelo jornal paulista e que incomodaram os aliados do governador. Em outro comentário, Mercadante disse que “romper contratos não é um caminho promissor e a história do Brasil mostra isso. Requião é um político experiente e sabe a importância que isso tem para o governo brasileiro e para o Brasil”.

Riscos

O governador não tem feito comentários sobre o caso. Mas já há alguns secretários e lideranças peemedebistas prontos para apontar as posições do presidente estadual do PT como um obstáculo à aliança com o PMDB às eleições municipais do próximo ano, reforçando o discurso da candidatura própria do partido.

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