Crise de Lula foi agravada por gripe mal curada

Além do diagnóstico de uma crise de hipertensão, os médicos que atenderam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite de ontem no Real Hospital Português, em Recife, descobriram que ele estava com uma gripe mal curada. Tanto é que receitaram antibióticos para Lula tomar por pelo menos quatro dias. Lula queixou-se de que sentia um mal-estar por causa da pressão, e que estava com dores na garganta e dificuldades de respirar.

De acordo com informações do Hospital Português, os dois cardiologistas e o cirurgião toráxico que atenderam Lula submeteram o presidente a exames de raio-x e tomografia do tórax, exames de sangue e eletrocardiograma. Os resultados não ficaram no hospital de Recife. Foram encaminhados à Presidência da República para que sejam anexados a outros exames que vierem a ser feitos no presidente, em hospitais de Brasília ou de São Paulo.

Conforme informações de pessoas ligadas ao presidente, o mal-estar teve início ainda no final da tarde de ontem, enquanto ele participava da cerimônia de inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Sistema Único de Saúde (SUS), em Paulista, a 20 quilômetros da capital. Ao iniciar seu discurso, Lula disse que falaria pouco, porque estava com dores de garganta e não queria ser o primeiro paciente da UPA. Logo em seguida, ele tornou a demonstrar que não estava bem. Durante cerimônia em homenagem às vítimas do Holocausto, Lula disse a auxiliares que se sentia muito cansado. Dali em diante, passou a ter a pressão monitorada pelo médico Cleber Ferreira, que há cinco anos o acompanha nas viagens oficiais e que foi quem o retirou do avião para ser hospitalizado em Recife.

Apesar do desconforto físico, Lula buscou cumprir até o fim os compromissos de sua agenda. Seguiu da sinagoga para o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, para o jantar organizado pelo governador Eduardo Campos (PSB). Durante o jantar, enquanto ministros e líderes partidários comiam calda de lagosta e se divertiam, Lula seguiu para uma reunião em uma sala reservada, para dar continuidade à conversa com o governador sobre a aliança presidencial nas eleições.

A crise de hipertensão sofrida por Lula foi descrita pelos médicos como um episódio “fora do padrão”, considerando o histórico de saúde do presidente. A crise foi provocada por um “conjunto de fatores”, mais especificamente estresse, cansaço e uma gripe.