CPI dos Correios racha bancada do PT do Paraná

Entre os dezessete deputados do PT que assinaram o requerimento propondo a CPI para investigar a denúncia de pagamento de propinas nos Correios estão dois paranaenses: Florisvaldo "Rosinha" Fier e Clair da Flora Martins. Os dois deputados do Paraná e os quinze deputados petistas de outros estados que também apoiaram a iniciativa dos grupos de oposição ao governo foram tema das discussões de ontem, em São Paulo, da reunião do campo majoritário do PT – a tendência Unidade na Luta – que controla o diretório nacional.

O presidente do PT do Paraná, André Vargas, disse que os petistas que se aliaram à oposição tomaram uma decisão individual, sem levar em consideração um projeto coletivo. "Foi uma atitude individual. Eles não foram solidários com o governo e não fizeram uma avaliação profunda da situação", disse o dirigente petista.

Na avaliação dos participantes do encontro da corrente majoritária, da qual o presidente Lula é um dos integrantes, não faz sentido a criação da CPI porque assim que foram divulgadas as denúncias, o governo tomou todas as providências para apurar o caso e tem adotado um comportamento padrão de investigar todas as acusações de irregularidades. "Acho que eles poderiam ter esperado o partido tomar uma posição", afirmou Vargas.

A deputada Clair disse que o presidente estadual do PT confunde a liberdade de atuação parlamentar com iniciativas individuais. "Quando nós assinamos, o partido não tinha, como ainda não tem uma posição definida. Eu tenho inteira confiança que o governo vai investigar a fundo a denúncia, mas acho que o Legislativo tem um papel e a CPI cumpre esse papel. Eu só espero que a oposição não use essa CPI como um palanque contra o governo, com fins eleitorais", disse a deputada.

Para o deputado Rosinha, assinar o requerimento significa ser a favor do governo, para que não fiquem dúvidas sobre a administração petista. "Entendo que é um fato que envolve acusações contra um determinado partido e não deve pairar dúvida sobre o nosso governo. Eu sou solidário ao governo. Só não sou solidário a corrupto", disse.

O deputado afirmou ainda que a proposta de CPI para apurar a denúncia contra Waldomiro Diniz, acusado de operar um esquema de cobrança de propina na Loterj, a empresa lotérica do Rio de Janeiro, não contou com seu apoio. "Não era uma acusação contra o governo federal. Era contra um governo de um estado", justificou.

Clair afirmou que assinou o requerimento baseada na sua liberdade de atuação e que o assunto deve ser discutido pelo diretório nacional. "A CPI é um instrumento de investigação como os demais", comentou a deputada.

Apoios

Dos trinta deputados federais do Paraná, segundo os levantamentos publicados ontem, além dos dois deputados petistas, outros nove assinaram a CPI. No PFL, apenas um paranaense: Eduardo Sciarra. Do PSDB, foram três: Affonso Camargo, Gustavo Fruet, Luiz Carlos Hauly. No PP, Ricardo Barros assinou o requerimento e no PPS, o deputado César Silvestri. O deputado André Zacharow (PSB) também está entre os signatários. No Senado, o apoio à CPI foi de Alvaro Dias (PSDB) e Osmar Dias (PDT). 

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