CPI do Banestado engavetada

O Senado decidiu ontem, após reunião de líderes partidários, engavetar o pedido de CPI do Banestado, apresentado pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). O caso das contas CC5, usadas para remeter US$ 30 bilhões para contas em outros países, continuará sob responsabilidade do Ministério da Justiça, do Ministério Público e da Controladoria Geral da União.

A proposta de derrubar a CPI, de acordo com Jefferson Perez (PDT-AM) e José Sarney (PMDB-AP), foi do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que estaria preocupado em não atrasar a aprovação de projetos de interesse do Executivo

Sarney classificou a decisão como política. “Ele [Mercadante] estava autorizado a fazer isso e deve ter conversado com o governo nesse sentido”, disse. o senador petista, porém, negou veementemente que tenha sido o autor do pedido de adiamento: “Não há nenhuma procedência nisso. A proposta tem a autoria de todos os líderes. Todas as lideranças mostraram confiança nas investigações do governo”, afirmou.

Incômoda

Já o líder do PT no Senado, Tião Viana (PT-AC), admitiu que a CPI não interessa ao governo porque uma investigação polêmica no Congresso Nacional poderia atrapalhar a tramitação das reformas tributária e previdenciária quando chegarem à Casa.

Mercadante reafirmou que não há “interesse” na instalação de uma CPI, mas disse que não existe objeção por parte do governo à investigação no Senado. “Temos uma pauta econômica extremamente exigente e a prioridade deveria ser a análise das reformas”, afirmou. “Essa avaliação foi consensual entre os líderes”, disse.

O líder do governo argumentou também que o PT não poderia ser o autor da proposta de CPI, porque isso poderia parecer, ao PSDB, uma ação política contra o governo passado, época em que o escândalo do Banestado aconteceu.

De acordo com Mercadante, se o pedido de investigação no Senado fosse de autoria do partido, os parlamentares do PSDB, base do governo Fernando Henrique Cardoso, poderiam retaliar o governo atual. “Essa CPI diz respeito ao governo anterior, não ao nosso”, disse o senador.

O documento que adia a CPI e apóia as investigações do governo está assinado por todas as lideranças da Casa. Na nota, os senadores dizem que, “diante do compromisso do governo de aprofundar e concluir, de forma rigorosa, as investigações”, postergam a instalação da CPI. Peres, que defendia a instalação da comissão, também assinou o documento protelatório e mostrou-se confiante nas investigações do governo, afirmando esperar que em três meses as investigações oficiais sobre o caso estejam concluídas.

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