CPI acredita que banco não precisava ser vendido

Primeiro a ser convocado para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Banestado na Assembléia Legislativa, o ex-presidente do banco Luiz Antônio Fayet Filho não apresentou novos dados, mas garantiu que a instituição poderia ter sobrevivido sem recorrer à privatização.

A relatora da CPI, deputada Elza Correia (PMDB), afirmou que a participação de Fayet na reunião de ontem da CPI deu um rumo aos trabalhos dos deputados: “O ex-presidente disse aquilo que já é do conhecimento público. Não havia necessidade de privatizar o banco. Mas seu depoimento foi muito importante porque nos delegou a grande tarefa de descobrir as razões pelas quais o banco foi privatizado e, sobretudo, a que interesses atendeu”, afirmou a deputada.

Fayet, segundo os integrantes da CPI, limitou-se a comentar a situação do Banestado durante a sua gestão, que começou em 1995 e foi até meados de 1996. Para a relatora da CPI, as declarações de Fayet reforçaram a tese de que apesar das dificuldades que o banco já enfrentava no início do governo de Jaime Lerner (PFL), poderia ter sido salvo por um programa de saneamento. Fayet disse aos deputados da CPI que chegou a dar início a um plano de saneamento, mas que não conseguiu levar adiante. ” As declarações do ex-presidente me deixaram a impressão que havia um choque de intenções entre a diretoria do banco e o governo. A diretoria queria preservar o banco, mas o governo não demonstrou interesse no projeto de saneamento”, comentou.

O presidente da CPI, deputado Neivo Beraldin (PDT) afirmou que as informações apresentadas por Fayet reforçaram a suspeita de que a privatização do Banestado foi resultado de uma opção do governo anterior e que teve o aval do Banco Central. “Temos cada vez mais certeza de que houve um conluio entre o governo do Paraná e os técnicos do Banco Central”, atacou o deputado.

Beraldin afirmou que o passivo do Banestado em 98 era de R$ 2,6 bilhões. Um prejuízo, que de acordo com o presidente da CPI, teria exigido uma imediata intervenção do Banco Central. “Isto não aconteceu. Apesar do Banco Central ter mantido no Banestado uma equipe para orientar a sua administração, não houve nenhuma intervenção e a situação do banco foi se agravando”, afirmou Beraldin.

O deputado citou ainda que, com base nas explicações de Fayet, foi possível concluir que, se o banco tivesse sido vendido em 1995, o Estado teria arrecadado cerca de R$ 500 milhões. “Em 2000 o que se conseguiu foi deixar uma dívida de R$ 5, 6 bilhões para a população do Paraná pagar”, comparou Beraldin.

Hoje a CPI vai ouvir dois ex-auditores do banco: Marçal Sobrinho e Walter José Benelli. Amanhã, está marcado o depoimento do ex-vice-presidente do banco, José Evangelista de Souza, que participou do processo de privatização.

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