Copel adquire as ações da Sanedo no grupo Dominó

Por R$ 110,226 milhões, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) adquiriu ontem as ações da empresa francesa Sanedo no grupo Dominó Holdings – um dos acionistas da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).  

Com a aquisição dos 30% pertencentes à Sanedo, a Copel, que já detinha 15% das ações do Grupo Dominó passa a ser o maior acionista do grupo, com 45% (a Andrade Gutierrez Concessões e a Daleth Participações, são proprietárias de 27,5% cada). A Dominó administra 34,7% do capital votante da Sanepar.

O objetivo do negócio é devolver ao Paraná o direito de tomar as principais decisões na administração de sua companhia de água e saneamento, ?salvaguardando o interesse da população paranaense?. Apesar de ser o sócio majoritário da Companhia, o Estado do Paraná, devido ao acordo de acionistas, não tinha total controle sobre a Sanepar, cabendo à Dominó a nomeação de alguns dos principais diretores e a tomada de decisões referentes à companhia. Com 15% do capital do consórcio, a Copel não tinha direito a voto e nem a veto dentro da Dominó, panorama que muda com a aquisição das ações da Sanedo.

?Não tínhamos voz nem voto nas decisões estratégicas que eram tomadas na Dominó com relação à Sanepar. Mas a partir de agora, aumentando nossa parcela para 45%, estamos abrindo caminho para que a sociedade paranaense retome o controle da empresa?, explicou o diretor de finanças da Copel, Paulo Roberto Trompcynski.

Trompczynski também esclareceu que a recente queda na cotação internacional do euro barateou a compra. ?Nossa oferta para a aquisição das ações da Sanedo mais a sua parte no caixa da Dominó Holding, de 42,495 milhões de euros, seria convertida em reais no dia da formalização da operação?, detalhou, revelando que, com a variação cambial da data da proposta para ontem, a Copel economizou R$ 3,2 milhões.

Ele revelou, ainda, que valor foi avaliado e auditado interna e externamente pela estatal, que o considerou ?viável e vantajoso?. Segundo o diretor financeiro, se os valores de compra tivessem por base o valor de mercado das ações da Sanepar, o desembolso teria sido de R$ 17 milhões a mais.

O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, afirmou que a estatal realizou ?um ótimo negócio?, tanto sob o foco empresarial quanto sob o aspecto do interesse público. ?A transação se deu por valores inferiores às nossas análises, que consideraram o valor de mercado das ações e o fluxo de caixa descontado, indicando taxa de retorno de 9,5%, bastante adequada comparativamente aos investimentos que fazemos em energia?, disse o presidente. ?Além disso, agora teremos, dentro da Dominó, direito de voz e de veto, algo que nunca tivemos antes por força do seu acordo de acionistas?.

Para Ghilardi, com esses poderes a Copel e o Estado do Paraná terão condições efetivas de interferir na gestão administrativa e financeira da Sanepar, ?defendendo o interesse do cidadão e fazendo com que a empresa de água e saneamento volte a servir primordialmente ao bem-estar e à qualidade de vida da população?.

A negociação ainda pode ser cancelada após o julgamento do mérito da ação popular movida pela bancada de oposição da Assembléia Legislativa que alega, no Judiciário, que a Casa teria de ser consultada sobre a compra das ações. A Copel chegou a ser impedida liminarmente de dar seguimento ao negócio, mas a liminar acabou derrubada pelo Tribunal de Justiça.

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