Caso Derosso

Conflito de presidentes frustra sessão conjunta da CPI e Conselho de Ética

Fracassou a sessão conjunta entre a CPI que investiga os contratos de publicidade da Câmara e o Conselho de Ética, que está apurando suposta quebra de decoro do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB) por conta do jornal Câmara em Ação. A sessão conjunta foi marcada porque as duas comissões precisavam ouvir o sócio da Visão Publicidade, Adalberto Gelbeck.

O presidente do Conselho, Francisco Garcez (PSDB) não concordou com as regras da CPI, abriu e, em seguida, fechou a sessão do Conselho, retirando-se da reunião. A discussão foi com o presidente da CPI, Emerson Prado (PSDB), que negou a participação de vereadores suplentes do Conselho de Ética no debate, assim como os demais vereadores, autorizando apenas os titulares das duas comissões.

“Nosso Conselho tem outras regras, tem até uma medida judicial que o torna aberto a todos os vereadores e, desta forma, não podemos participar. Declaro encerrada a sessão do Conselho de Ética”, declarou Garcez, para depois se retirar do plenário. “Não dá, assim não dá, não vamos participar desse jeito. Vamos fazer a nossa convocação e ouvir os empresários dentro do nosso regimento”, disse Garcez a O Estado já fora do plenário.

“Aceitamos a participação deles na CPI, mas que seja dentro das regras da CPI. Se eu quisesse participar de uma reunião do Conselho de Ética, respeitaria a regra deles”, reagiu Prado.

Apesar de a sessão não ser mais conjunta, o vereador Dirceu Moreira (PSL), relator do caso Câmara em Ação no Conselho de Ética, seguiu na reunião, teve a palavra permitida, mas se disse contemplado pelas perguntas dos outros vereadores.

Moreira diz não ver sentido em convocar novamente o empresário. “A atitude questionável do nosso presidente não pode prejudicar nosso trabalho. Tive todas minhas dúvidas esclarecidas. Com as notas taquigráficas deste depoimento, terei elementos suficientes para apresentar meu relatório dentro do prazo. Não faz sentido convocá-lo de novo”, disse. 

No depoimento, Gelbeck disse que a Visão Publicidade venceu a licitação com a proposta de valorização do vereador e, após fazer uma campanha em “veículos de massa” e verificar uma sobra no orçamento, optou-se pela edição do Câmara em Ação para atingir mais cidadão. Gelbeck disse que a publicação não é fantasma, confirmou a tiragem superior a 150 mil exemplares na média e disse que o preço unitário, de R$ 1,50 por exemplar, foi pago pela qualidade. “Podia sim ser feito por um preço bem menor, mas optamos pela qualidade e qualidade tem seu preço”, disse.

O sócio da Visão disse que tinha uma relação amistosa com a jornalista Cláudia Queiroz, mulher do presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), “trocando favores profissionais, nós indicávamos a assessoria de imprensa dela e ela indicava nossa agência de publicidade”.

Ele disse, ainda, em depoimento, que a definição dos veículos onde eram publicados anúncios da Câmara era feita pela agência, seguindo critérios técnicos, negando influência de vereadores para a destinação de anúncios a jornais de bairro. A afirmação causou discussão entre os vereadores e, após admitir que indicou a destinação de recursos para um jornal de bairro, Paulo Frote (PSDB) apresentou requerimento pedindo informação sobre outros veículos que teriam sido indicados por vereadores.

A CPI também aprovou um requerimento sugerindo à Câmara a suspensão da nova licitação de publicidade até o fim dos trabalhos da comissão. A licitação está paralisada porque não foram encontrados jornalistas em participar do comitê técnico.