A coligação Paraná da Verdade, do candidato Osmar Dias (PDT), encaminhou ontem ao Tribunal Regional Eleitoral uma denúncia contra o PMDB, alegando que o partido usou recursos não contabilizados para pagar dívida do governador Roberto Requião, em 2004. Os advogados da coligação sugerem ao Ministério Público Eleitoral (MPE) a investigação dos fatos apontados, além de sugerir também que seja pedido ao TRE liminar para a quebra de sigilo bancário de Requião e do PMDB, o que incluiria também investigação das contas do presidente estadual do partido, deputado Dobrandino da Silva, e do tesoureiro, Ademir Bier.
De acordo com a assessoria de Osmar, o PMDB pagou uma dívida de R$ 184.242,31 em espécie, relacionada à condenação de Requião numa ação movida pelo juiz Sergio Arenhart, em 1993. Segundo a assessoria de Osmar, Arenhart havia processado Requião por ofensa à honra.
O assessor jurídico de Osmar, Leandro Souza Rosa, afirma que a preocupação da coligação é de descobrir a origem do dinheiro, uma vez que, segundo ele, o pagamento foi feito pelo PMDB e não por Requião. ?O partido pagou uma indenização pessoal de Requião. Se veio do fundo partidário, foi pago com verba pública?, disse.
Segundo a assessoria da coligação Paraná da Verdade, o partido pagou dívida de um filiado de modo irregular e, além disso, foi feito com recursos não contabilizados. Na documentação apresentada ao TRE pelos advogados, o valor pago, informa a assessoria de Osmar, não foi registrado na prestação anual de contas do PMDB paranaense, referente ao exercício fiscal de 2004, ano em que a dívida foi paga, e nem do ano seguinte.
Segundo a representação protocolada pela coligação de Osmar, outra suposta irregularidade foi a de que o pagamento não passou pela Comissão Executiva Estadual do partido, já que não consta em ata qualquer deliberação sobre o pagamento. ?Sem adentrar no mérito da imoralidade, o mais grave que se traz a lume neste procedimento é a ausência de escrituração do pagamento desta dívida na prestação anual de contas do PMDB/PR?, afirma a representação de Osmar.
A assessoria da coligação Paraná Forte, do governador Roberto Requião, enviou à reportagem de O Estado cópia de um documento do Diretório Estadual do PMDB que foi encaminhado à Justiça em 2004, em que o partido explica que ?movido pela responsabilidade política de dar suporte a um de seus mais ilustres filiados e digno representante máximo do povo paranaense no Poder Executivo estadual, bem com respeito depositar em Juízo o valor de R$ 171.771,30, em nome do requerido Roberto Requião de Mello e Silva?.
Segundo o mesmo documento, a Comissão Executiva Estadual do partido entendeu figurar na condição de ?abonadora? da candidatura e do mandato de Requião. A assessoria de Requião informou também que o valor pago foi diferente daquele aludido pela coligação de Osmar.
O tesoureiro do PMDB estadual, Ademir Bier, afirmou ontem que como não conhecia o teor da ação, não poderia se pronunciar. Porém, lembrou que o momento é propício para todo o tipo de ação. ?Estamos a vinte dias de uma eleição e é isso que acontece?, disse. Bier afirmou também que todo dinheiro que entra ou sai do partido é contabilizado. O deputado Dobrandino da Silva não foi encontrado pela reportagem de O Estado.