A redução na arrecadação de impostos está gerando grave consequência para os municípios brasileiros. A maioria depende quase que exclusivamente dos recursos vindos do governo federal por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), composto por 14% do total da arrecadação de tributos no Brasil.

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A diminuição na quantidade de impostos pagos teve reflexo nas parcelas mensais repassadas aos municípios. No Paraná, o FPM caiu 11% em fevereiro em relação a janeiro de 2009. Os repasses saíram de R$ 316 milhões para R$ 281 milhões neste período.

A previsão é pessimista e as prefeituras estão preocupadas. O FPM tornou-se a principal receita de 70% das 399 cidades do Paraná. Como forma de mostrar à população a gravidade disto, municípios da região central e do Vale do Ivaí fecharam as portas ontem. Apenas a parte administrativa foi afetada.

O assunto foi discutido ontem, em reunião da Associação dos Municípios do Paraná (AMP). Segundo o presidente da entidade, Moacyr Elias Fadel Junior, a perda nos recursos do FPM vem desde o início do ano e já força adequações e corte por parte das administrações municipais. Em algumas cidades, os servidores receberam salários com atraso.

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Algumas prefeituras nem isto estão fazendo. Os funcionários estão sem pagamento. Também já ocorre cortes em investimentos, melhorias e serviços, como limpeza pública. “Serviços básicos, a não ser educação e saúde, já estão sofrendo com isso. A situação é grave e as prefeituras correm o risco de entrar em caos”, avalia Fadel.

O prefeito de Cruzmaltina, na região do Vale do Ivaí, Maurício Bueno, teve perda de 10% nos recursos vindos do FPM no mês passado. Foram R$ 40 mil a menos no caixa da prefeitura.

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“Todas as máquinas estão paradas para economizarmos óleo e recuperamos alguma coisa. Se isso não acontecer e a situação piorar, a prefeitura será fechada”, comenta.

O vice-presidente da AMP e prefeito de Carlópolis, no Norte Pioneiro, Isaac Tavares da Silva, é contra o fechamento das prefeituras. “Pessoalmente, acho que devemos fazer adequações antes de pensar em paralisação. O governo federal prevê uma recuperação na arrecadação de impostos. Mas e se não vier? É normal os repasses caírem em alguns momentos. Mas agora despencaram. Temos que dar esse alerta. Daqui a pouco, somos nós que estamos pagando ao governo federal”, afirma.

No último dia 10, a AMP protocolou junto à União um pedido de compensação das perdas sofridas com a diminuição dos valores do fundo. Ainda não existe previsão quanto a isto. “Mas nós vamos brigar e entrar em um diálogo forte”, promete Fadel.

De acordo com ele, a entidade já havia alertado sobre a possibilidade de colapso nas administrações municipais quando o governo federal anunciou a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Imposto de Renda.