Chapa às proporcionais é menor do que a de 1998

Nas eleições deste ano no Paraná, enquanto o número de candidatos ao Governo deu um salto – de 4 em 1998 para 13 este ano – assim como para o Senado – de 5 para 18 – caiu o número de pretendentes à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa. No total, 474 candidatos se apresentaram para concorrer a deputado estadual, 29 a menos do que em 1998. Para deputado federal, estão inscritos 218 candidatos, contra os 240 que concorreram há quatro anos.

Apesar da redução do interesse pela disputa proporcional, a Assembléia Legislativa registrou um recorde de candidaturas à reeleição. Dos atuais 54 deputados, nada menos de 49, o correspondente a 90,1%, estão empenhados na reeleição. Entre os cinco que optaram por projetos diferentes , somente três entraram na disputa pela Câmara Federal: César Silvestre (PPS) Hidekazu Takayama ( PTB) e Irineu Colombo (PT).

O peemedebista Orlando Pessuti é o único a participar da disputa para o Governo. Pessuti é o candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo senador Roberto Requião. Depois de vinte anos de carreira política e cinco mandatos de deputado estadual, é a primeira vez que Pessuti se aventura na eleição majoritária. “Senti um baque no começo porque passei do micro para o macro. A campanha de deputado é mais pessoal. A gente desce a detalhes. Numa eleição majoritária, temos que ser mais abrangentes. Agora já me acostumei e é agradável”, comparou o candidato a vice-governador.

O deputado estadual Toni Garcia (PPB) também é o único representante da Assembléia Legislativa na disputa para o Senado. E a sua terceira tentativa de ser eleito senador.

Câmara

Já dos trinta deputados federais paranaenses, 76 % planejam voltar à Câmara. Sete preferiram não tentar um retorno a Brasília. Roque Zimermmann (PT) e Rubens Bueno (PPS) estão na corrida para a sucessão estadual como candidatos ao governo do estado. Outros dois, Flávio Arns (PT) e Luciano Pizzatto (PFL) concorrem ao Senado .

Basílio Villani (PSDB) e Joaquim dos Santos filho (PFL) estão fora da disputa. Villani preferiu ajudar na campanha de Beto Richa para o governo e continuar como presidente do PSDB no Paraná.

O deputado federal Rafael Greca (PFL) fez a trajetória inversa à costumeira. Em 98, foi o mais votado no Paraná para a Câmara Federal, ocupou um ministério, voltou ao Paraná como secretário de Estado e preferiu continuar longe de Brasília. Depois de tentar ser candidato ao governo – decidiu concorrer à Assembléia Legislativa, onde já exerceu mandato.

Mulheres ainda não preenchem cota

Rio

(AG) – Um retrato sem maquiagem: dos 3.376 candidatos que disputarão as 513 vagas da Câmara dos Deputados, apenas 11,73% são mulheres. O cálculo, feito pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFêmea), com base nos dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que, apesar da lei que estabelece cotas de 30% para candidatas nas chapas, os partidos ainda se valem de artifícios para driblar a exigência. E esses truques, como registrar um número menor de candidatos do que o permitido, são usados até pela esquerda.

O PT do Rio, por exemplo, terá apenas uma candidata a deputada federal, entre 31 nomes. A escolhida, a estreante Kathia Maia, uma advogada de 38 anos, relutou em aceitar o convite:

– Não escolhi. Fui convocada. Disputar uma vaga de deputado federal é uma guerra. Por isso, preferia tentar a Assembléia Legislativa. O bloco do eu sozinha também dá o tom no PFL, que terá apenas a deputada Laura Carneiro tentando a reeleição. No PCdoB, a única candidata é a deputada Jandira Feghali, mas, como a chapa tem apenas quatro nomes, o partido está cumprindo a cota.

Candidatas à reeleição, Jandira Feghali (PCdoB) e Laura Carneiro (PFL) lamentam que, na prática, a política de cotas não funcione. Laura, mãe de uma menina de 5 anos, lembra que as mulheres precisam conciliar a vida política fora do estado de origem com a doméstica. Jandira, mãe de dois filhos, acrescenta outro fator: segundo ela, os partidos pouco valorizam a presença feminina.

– Quando você se elege deputada federal sua vida familiar muda radicalmente. Se durmo mais de duas noites fora, minha filha reclama -diz Laura. – Nós já encabeçamos uma série de movimentos sociais, mas ainda não conseguimos representatividade nos Três Poderes. As mulheres precisam de sustentação familiar: em junho, meu filho foi oito vezes comigo a Brasília, porque está amamentando e eu não podia deixá-lo -acrescenta Jandira.

Cotas

Os presidentes dos partidos, por sua vez, culpam as mulheres pelo fato de não cumprirem a lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabeleceu as cotas. O presidente regional do PMDB, Moreira Franco, diz que não teve dificuldade para completar a cota na chapa de deputados estaduais, embora tenha escolhido apenas seis mulheres entre 40 candidatos. Porém, segundo ele, para fechar a chapa federal, a situação ficou tão difícil que o partido terá somente cinco candidatas, numa lista de 25 nomes.

– As mulheres preferem disputar a eleição estadual. A razão, eu não sei – diz ele.

Já o o presidente regional do PT, Gilberto Palmares, afirma que é preciso aumentar os incentivos para a participação feminina. O partido terá uma candidata a deputada federal e nove a estadual, entre 70 nomes: – É preciso organizar setores nos partidos e nas entidades de massa que discutam a questão da mulher e formem lideranças femininas. Mas a historiadora e socióloga Sônia Malheiros Miguel, do CFêmea, tem opinião diferente. Para ela, os partidos não se interessam em promover a participação feminina:

– Antes, os partidos alegavam que a lei era recente. Agora, já tem muito tempo. Fica difícil manter esse discurso. Com base nos dados preliminares do TSE, que não incluem o registro completo das candidaturas de quatro estados (AP, PA, RS e SP), Sônia encontrou 18 mulheres candidatas aos governos estaduais e 31 postulando uma vaga no Senado. – Na média, a participação feminina ficará em torno de 12%, pouco maior do que em 1998, quando foi de 10%.

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