Castelo de Areia: PF vê corrida para regularizar doações

Os investigadores da Operação Castelo de Areia identificaram “grande volume” de recibos correspondentes a doações eleitorais realizadas pela construtora Camargo Corrêa – alvo maior de investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposto esquema de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os recibos foram entregues “em cima da hora” à Justiça Eleitoral, segundo a corporação, como forma de comprovar a tempo a idoneidade de repasses da Camargo Corrêa que financiaram campanhas de vereadores, deputados e senadores de pelo menos oito legendas.

A PF constatou que houve uma corrida de políticos e partidos nos últimos dias do prazo legal previsto para entrega da prestação de contas que incluem recibos com dados relativos a doações da construtora. Para a PF, essa providência praticamente elimina a possibilidade de enquadramento de políticos em crime eleitoral.

A Castelo de Areia foi deflagrada no dia 25 de março – o prazo para apresentação dos relatórios com nomes de doadores e valores transferidos terminou no dia 30 de abril. Muitos políticos, por meio de seus advogados, apressaram-se em exibir cópias dos recibos à PF e à Justiça Federal. O repasse de verbas para políticos é o principal desdobramento da Castelo de Areia – a primeira etapa resultou em denúncia criminal contra quatro executivos da empreiteira, agora réus em ação penal perante a 6ª Vara Criminal Federal.

Durante a investigação, que durou mais de um ano, interceptações telefônicas autorizadas judicialmente flagraram dirigentes da Camargo Corrêa discutindo doações. Um deles citou “doações por fora”. Essa nova fase do caso busca exclusivamente verificar o aspecto eleitoral. Um investigador lamentou que a operação não tenha sido deflagrada “mais tarde” – depois do encerramento do prazo para apresentação dos recibos.