Caso dos aloprados chega aos 4 anos sem punições

Quatro anos depois, quase nada avançou na investigação sobre os “aloprados” do PT que foram flagrados tentando comprar um dossiê contra tucanos – José Serra, então candidato pelo PSDB ao governo de São Paulo, era o alvo principal do grupo. Não há nenhum denunciado perante a Justiça, nem mesmo foi descoberta a origem da montanha de dinheiro apreendida em hotel de São Paulo, R$ 1,75 milhão em dinheiro vivo, na madrugada de 15 de setembro de 2006.

Alguns aloprados continuam nas fileiras do partido, uns exercem funções em setores da administração federal e outros se dedicam a atividades empresariais. Todos estão livres, até aqui, de acusações formais perante a Justiça. A Polícia Federal indiciou parte do grupo, mas vários deles escaparam ao enquadramento. A PF argumentou “ausência de indícios suficientes”.

O Ministério Público Federal ainda não decidiu se leva os envolvidos à Justiça. O procurador da República Mário Lúcio Avelar, que atuou inicialmente, saiu do caso. O novo está em férias. O banco dos réus é só para os Vedoin, pai e filho, Darci e Luiz Antônio, empresários acusados de integrarem a Máfia dos Sanguessugas, organização infiltrada em setores do governo para fraudes em licitações de compra de ambulâncias superfaturadas.

O dossiê era uma peça que se resumia a um punhado de recortes de jornais e uma fita de vídeo com imagens do ex-ministro da Saúde (governo Fernando Henrique) em compromissos públicos para entrega de ambulâncias. Os aloprados achavam que o documento provocaria abalos na candidatura Serra, que venceu o pleito. Mentores da farsa, para a PF, os Vedoin respondem a ações judiciais, não pelo dossiê. São ações de improbidade, quase 200. As penais são cerca de 15. A procuradoria imputa a eles quadrilha e fraudes em licitação. Ficaram presos algumas semanas.

A ação dos aloprados foi interceptada pela PF naquela madrugada de 2006 quando foram detidos Gedimar Passos e Valdebran Padilha no Hotel Ibis Congonhas, em São Paulo. Com eles os federais recolheram dólares e reais, ao todo R$ 1,75 milhão. Suspeitava-se que o montante era de caixa 2. O próprio presidente Lula, que buscava a reeleição, chamou o grupo de “aloprados”.