Cardozo: ‘Já me submeti a situações constrangedoras’

O deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), que desistiu de concorrer a um novo mandato à Câmara, justificou sua desistência em razão da promiscuidade do sistema eleitoral. “Já me submeti a situações constrangedoras, mas cheguei ao meu limite”, alegou.

Em um comunicado aos eleitores em seu site, o deputado fez críticas ao sistema de financiamento de campanha e à interpretação jurídica dada às regras eleitorais, as quais chamou de “absurdas”. O petista lamenta ainda o fracasso da reforma política.

Cardozo também reclamou dos órgãos responsáveis pela fiscalização das campanhas. Segundo ele, as interpretações dadas às regras eleitorais são “rígidas” e “formais”, o que leva “os mais sérios candidatos” a sofrerem “pesadas punições”. “Da forma que o sistema está, chega a ser expulsório”, disse à Agência Estado.

O deputado destacou que gosta de sua atuação no Parlamento, mas que o sistema é “perverso demais” e, por isso, “não sente felicidade em continuar”. Entre os constrangimentos, o deputado lembra que foi recentemente acusado por um jornalista de defender interesses de doadores de campanha em um projeto que apresentou na Câmara dos Deputados.

Carreira

Eleito em 2006 com 124.409 votos, Cardozo exerce desde 2008 o posto de secretário-geral do partido. No ano passado, pleiteou o cargo de presidente da legenda, em substituição ao deputado federal Ricardo Berzoini (SP). Angariou apenas 81.372 votos, 17,2% do total, e foi vencido pelo ex-presidente da Petrobras Distribuidora, José Eduardo Dutra.

Recentemente cotado para substituir Tarso Genro no Ministério da Justiça, Cardozo negou que a decisão tenha relação com a preferência do presidente Lula pelo secretário-executivo Luiz Paulo Barreto. “Se me escolhesse, ótimo, quem não quer participar do ministério do presidente Lula?” Ele também negou a informação de líderes petistas de que estaria desgostoso com o retorno de José Dirceu à direção do partido.