A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu atribuiu o início do caos aéreo enfrentado no ano passado aos problemas quanto à venda da Varig. Segundo ela, o governo injetava dinheiro na Varig para que ela pudesse se recuperar, mas os vôos eram realizados por outras empresas aéreas.
“Eles injetavam dinheiro para manter a Varig voando, mas há inúmeros ofícios do coronel Velozo [ex-diretor da Anac] dizendo que não dá mais para aplicar o plano de emergência [ quando outras empresas transportaram os passageiros da Varig]. São questões que não dá para entender no âmbito daquele processo judicial”, completou, em depoimento à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, para comprovar, segundo ela, denúncias que fez sobre irregularidades na venda da Varig e da VarigLog.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), questionou Denise quanto à oferta feita pela TAM de compra da Varig por R$ 738 milhões, o dobro do valor pago pela Gol (US$ 320 milhões). “Não reconheço as razões pelas quais a Varig foi vendida para a Gol e não para a TAM”, disse Denise.Ela ainda evitou chamar Roberto Teixeira, advogado que intermediou a operação e chamado de “compadre de Lula” por Arthur Virgílio, de lobista nesse caso. “Me reservo o direito de não chamá-lo de lobista, mas ocorriam reuniões no Ministério do Trabalho, segundo me disse Milton Zuanazzi [ex-presidente da Anac], com a participação dos advogados, antes do leilão. Nunca fui convocada e nunca participei dessas reuniões”, disse.
Arthur Virgílio acusou Roberto Teixeira de ter feito lobby para que a empresa fosse vendida sem que as suas dívidas fossem repassadas ao seu comprador. A afirmação gerou resposta na base governista. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), rebateu: “Não houve a sucessão [da dívida] porque foi seguida a Lei de Falências”, disse Jucá.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) também defendeu. “Depois de quebrar Vasp e Transbrasil tendo uma Lei de Falências que permite a recuperação da empresa, me parece imprescindível”, disse.