Candidatos devem deixar o rádio e a TV até 5.ª -feira

A partir da próxima quinta-feira, dia 1.º de agosto, a legislação eleitoral determina o afastamento de todos os candidatos às eleições de 6 de outubro dos programas que apresentam em emissoras de rádio e televisão. Eles terão que ficar fora do ar até o dia da eleição.

O prejuízo eleitoral é notório, mas os candidatos radialistas e jornalistas reclamam mesmo é das perdas financeiras impostas pela regra que foi criada para diminuir a vantagem deles, conhecidos como “a turma da latinha” e os demais, que não têm acesso aos veículos de comunicação, um meio privilegiado para transformar ouvintes e telespectadores em eleitores fiéis.

As emissoras de rádio e televisão que infringirem a lei ficam sujeitas ao pagamento de uma multa entre R$20 mil R$100 mil. Em caso de reincidência, o valor dobra. Candidato à reeleição, o deputado estadual Luis Carlos Martins (PSL),está inconsolável. Radialista há 35 anos, Martins sente no bolso os efeitos da “quarentena”. Proprietário da emissora de rádio onde trabalha, seu programa de quatro horas diárias representa 50% do faturamento da empresa. “É a lei e tem que ser respeitada. Mas é minha profissão e o prejuízo é grande. Além disso, meu programa nem toca no assunto política. Eu não aluguei um horário para me promover. Antes de ser deputado, eu vivia disso “, lamenta Martins.

Outro que também construiu sua carreira política como radialista é Algaci Túlio (PSDB). Empregado da emissora de rádio, onde tem um programa diário, Túlio não vai esperar pelos prazos da legislação eleitoral para sair do ar. No dia 1.º de julho, Túlio inesperadamente recebeu férias da emissora e agora somente retorna em outubro.

O tucano permanece ainda participando como comentarista de um telejornal, mas apenas duas vezes por semana. E depois da próxima quinta-feira, terá que deixar também a televisão. “Três meses fora do ar quebram a espinha da gente. Além de nos afetar politicamente, ainda é uma paulada financeira”, comentou Túlio. Ele tenta compensar a falta do microfone com um “corpo-a-corpo” com os eleitores.

O vereador Fábio Camargo (PSC), que é candidato a deputado estadual e mantém programa de rádio em Curitiba, disse que cerca de 30 candidatos serão atingidos pela lei na cidade. “A lei foi feita para ser cumprida, apesar de ser motivo de críticas, pois os profissionais da comunicação são como engenheiros, médicos ou advogados. Há gente que sobrevive exclusivamente dessa atividade, ao mesmo tempo em que a legislação eleitoral de países do primeiro mundo tem interpretação diferente da nossa em relação ao caso”, argumenta.

Camargo, que está licenciado de seu mandato para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral.

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