Candidatos de Porto Alegre se atacam em debate na TV

Os candidatos à prefeitura de Porto Alegre trocaram acusações durante o debate que fizeram na TV Bandeirantes, na noite de ontem. Em meio a quase duas horas de discussão de propostas para a cidade, Maria do Rosário (PT) disse que seu “oponente” toma atitudes “subservientes” diante da governadora Yeda Crusius (PSDB), de quem costuma “beijar a mão”. Fogaça, por sua vez, afirmou que, quando assumiu, em 2005, teve de pagar contas atrasadas pela “irresponsabilidade e incompetência daquilo que nós recebemos”, referindo-se aos governos anteriores, do PT.

O ataque de Maria do Rosário ocorreu enquanto ela respondia a uma pergunta sobre segurança pública. A candidata da coligação “Frente Popular” (PSL-PTC-PRB-PT) criticou a relação de Fogaça com a governadora, dando a entender que ele deveria se empenhar mais para cobrar policiamento e repasses de recursos para a capital gaúcha.

“Não aceito o adjetivo de subserviente, ele é ofensivo e tenho certeza de que ela (Maria do Rosário) não queria dizer isso porque não há (subserviência) nem com a governadora e nem com o governo federal”, retrucou Fogaça. “A relação com os dois é altiva e construtiva.”

 

A candidata não recuou. “Eu quis dizer exatamente subserviência”, insistiu. “Eu me referia aos dois mil brigadianos (policiais militares que estariam faltando na vigilância da cidade) e não há problema em cobrar”, afirmou. “O senhor muitas vezes não gosta de lembrar publicamente que a governadora Yeda te apóia, mas como ela está no seu palanque o senhor também deveria cobrar dela.”

O prefeito mostrou-se ofendido. “Repilo, com a maior veemência, essa afirmação desrespeitosa, mas vou continuar mantendo por ela o respeito que ela não tem por mim”, disse o candidato à reeleição, para proclamar que sente-se honrado por ter apoio de Yeda e do PSDB gaúcho. Na seqüência, Fogaça lembrou que teve de honrar imediatamente uma dívida de R$ 40 milhões, segundo ele, do governo anterior, para não deixar o município entrar nos cadastros de inadimplência e perder repasses de recursos em 2005.

Apesar de encerrar o primeiro bloco falando da “irresponsabilidade e incompetência” dos seus antecessores, o candidato da coligação “Cidade Melhor – Futuro Melhor” (PTB-PSDC-PMDB-PDT) destacou, no segundo bloco, que seu comportamento “nunca foi jogar pedras no governo anterior”, enquanto criticava os adversários pela “atitude permanente de dizer que se não foi feito pelo PT não presta”.

Metrô

Ao afirmar que a concorrente só valoriza iniciativas de seu partido e despreza dos demais, Fogaça referia-se ao Portais da Cidade, projeto criado em sua gestão para desafogar o tráfego de ônibus nas ruas centrais da capital gaúcha e que recebeu um prêmio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por seu potencial despoluidor. Maria do Rosário considera a intervenção paliativa e incompatível com a solução definitiva, o metrô.

O prefeito admite que a cidade precisa dos trens subterrâneos, mas entende que uma solução não exclui a outra e a redução do tráfego no centro não pode mais esperar. O debate na TV Bandeirantes foi o quarto de uma série de nove que os candidatos farão no segundo turno.