Um candidato do PCB, partido que desde Luís Carlos Prestes (1898-1990) não tem um representante no Senado, ocupa a terceira posição nas pesquisas de intenção de voto no Rio: o professor universitário Eduardo Serra, 58 anos, aparece com 8%, à frente do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT), com 5%. Pouco conhecido, o comunista rechaça a possibilidade de que estaria sendo confundido pelo eleitorado com o homônimo de sobrenome José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo e duas vezes candidato à Presidência da República.

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O carioca, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha para o Senado, está atrás de Romário (PSB), com 29%, e Cesar Maia (DEM), 23%. Serra credita a posição de destaque ao fato de ter ficado “conhecido” após concorrer à Prefeitura do Rio, em 2008 (teve 2,6 mil votos, 0,8%), e ao governo estadual, em 2010 (11,3 mil votos, 0,14%). Os 8% na pesquisa do Datafolha divulgada na segunda-feira representam nas urnas quase um milhão de votos (971 mil).

Em seu perfil no Facebook, criado em junho, Serra tinha até esta quarta-feira modestas 661 “curtidas” – 0,05% do que tem Romário (1,3 milhão), 2,32% do que tem Cesar Maia (28,4 mil), mas não muito distante de Lupi, com 867 “curtidores”. “Não tem nada a ver com José Serra. O que acontece é que os votos de esquerda e progressistas estão convergindo para nossa candidatura”, disse Serra, o Eduardo, que entregou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) previsão de gastos de R$ 100 mil; até agora, segundo suas contas, gastou entre R$ 6 e 7 mil. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Serra declarou dois bens: um apartamento na Tijuca (zona norte do Rio), de R$ 400 mil, e um Gol modelo 2001, de R$ 11 mil.

Pesquisa

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No interior do Estado, Serra tem números ainda melhores: 11% das intenções de voto, ante 3% de Lupi, que, além de ministro de Lula e Dilma, foi deputado federal. Entre os entrevistados com nível superior, os candidatos estão empatados: 5%. A vantagem volta entre os de ensino fundamental (10% a 4%) e médio (8% a 5%). Resultado semelhante se observa em relação à renda: até dois salários mínimos, Serra tem 9% e Lupi, 3%; estão empatados na preferência dos que ganham entre 5 e 10 salários mínimos, mas, para quem ganha acima de 10, Serra retoma a vantagem: 7% a 2%. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Divorciado, pai de uma garota de 16 anos, o comunista leciona na UFRJ, onde se formou engenheiro, fez mestrado e doutorado. Começou na política nos anos 1970, em movimentos estudantil e sindical. No fim daquela década, ingressou no PCB. A primeira eleição foi disputada em 2008, quando concorreu à prefeitura. “Naquela eleição foram poucos votos, mas na de governador cheguei a ter 3% das intenções durante a campanha, mas no fim o número caiu”.

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A campanha, explicou Serra, é anticapitalista. “Queremos a reestatização das empresas privatizadas nos anos 1990 e a estatização de grandes empresas estratégicas, como a Monsanto”, disse, referindo-se à multinacional de agricultura e biotecnologia, sediada nos EUA e presente no Brasil. Mesmo com uma só vaga em disputa e ainda longe de Romário e Cesar Maia, Serra parece acreditar na vitória: “Há espaço para mais crescimento entre a esquerda e os progressistas. Quem vai votar na Dilma, por exemplo, pode votar no Eduardo Serra para o Senado, mesmo sabendo que fazemos oposição a ela”.