Ceará

Camilo Santana: PT precisa ter coragem para ‘corrigir erros’

Eleito governador do Ceará com o apoio dos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS), o petista Camilo Santana disse que o PT precisa ter coragem para “corrigir erros que pessoas do partido têm cometido”. “Precisamos ter coragem de dizer que o PT é um partido que combate a corrupção, que quem tiver envolvido em corrupção, seja do PT ou de qualquer partido, tem que ser punido”, afirmou.

O deputado estadual mais votado do Ceará em 2010 disse que o PT é um partido que “tem vida” e filiados que escolhem os próprios dirigentes e que essa característica é a chave para que a sigla enfrente as denúncias envolvendo correligionários. “Esse problema da Petrobras nos envergonha, mas é o momento de fazer uma limpeza neste País. É o momento de ter a coragem de fazer a reforma política, de discutir financiamento privado, as relações com a base no Congresso. O PT tem que ser protagonista neste processo”, disse.

Abaixo, os principais trechos da entrevista:

Qual o papel do PT do Nordeste e de novas lideranças da região como o senhor e o governador eleito da Bahia, Rui Costa, em um partido que pode sofrer com os desdobramentos do caso Petrobras?

O PT teve e tem um papel fundamental neste momento que o Brasil está vivendo. É um partido orgânico, que tem vida, onde os filiados votam e escolhem os dirigentes. Precisamos ter a coragem continuar defendendo o projeto de País que defendemos desde a criação do partido, desde que o Lula ganhou a eleição.

Mas é preciso também ter a coragem para corrigir os erros que pessoas do partido têm cometido. Muitas vezes a grande mídia tenta colocar o partido como vinculado à corrupção. Precisamos ter coragem de dizer que o PT é um partido que combate a corrupção, que quem tiver envolvido em corrupção, seja do PT ou de qualquer partido, tem que ser punido. Pelo menos hoje a gente vê político indo para a cadeia, no passado ninguém via, era engavetado. Esse problema da Petrobras nos envergonha, mas é o momento de fazer uma limpeza neste País. É o momento ter a coragem de fazer a reforma política, de discutir financiamento privado, as relações com a base no Congresso. O PT tem que ser protagonista neste processo. O partido precisa ter essa coragem para garantir, não só a renovação do partido, mas o futuro do nosso País.

O PT do Nordeste é sub-representado na Esplanada?

O mais importante é o projeto de País. A eleição passou, a presidente é presidente de todos os brasileiros. Talvez a última coisa a ser discutida seja o cargo pelo cargo. Temos que ter pessoas competentes, comprometidas e republicanas, independentemente de ser do partido. Até porque o cargo mais importante já é do PT.

A presidente Dilma foi reeleita prometendo mais diálogo, sancionou a renegociação das dívidas dos Estados, como o senhor vê os primeiros atos depois da eleição?

Ela aprovou duas medidas importantes: indexador das dívidas e o aumento do Fundo de Participação dos Municípios. Isso mostra que será um governo que vai aprofundar mais o diálogo com a sociedade. É isso que queremos fazer, queremos discutir a realidade dos Estados e municípios.

Se por um lado houve a aprovação do novo indexador, por outro há a indicação de um ajuste fiscal mais duro em 2015. É uma contradição com o discurso usado na campanha?

O Brasil fez uma opção ao investir na geração de empregos, no aumento do poder aquisitivo da população. O Brasil passou por essa crise sem sofrer o que muitos vizinhos nossos sofreram. Agora é preciso fazer um ajuste fiscal, é preciso retomar o crescimento. Mas a presidente deixou claro que não vai comprometer os programas sociais que garantem hoje emprego, crescimento, aquecimento da construção civil, aquecimento do setor produtivo.

O nome do Joaquim Levy agrada?

É um nome importante neste momento para garantir a estabilidade no País, é uma pessoa competente, bem vista no mercado. Tem tudo para cumprir um bom papel em 2015 neste cenário que o Brasil vive no momento.

O Levy significa uma correção de rota, uma correção de erros do passado?

Tem que ter sempre a compreensão de que cada momento é um momento. O momento do País agora é de rever os seus gastos, é importante criar uma estratégia para retomar o crescimento, mas sempre com cuidado de não prejudicar as questões sociais que sempre foram a marca do governo do presidente Lula e da presidente Dilma. Com a formação das outras áreas do governo nós vamos conseguir fazer o Brasil avançar não só do ponto de vista econômico, mas também do social.