Câmara vota futuro de Luizinho e Brant

A Câmara dos Deputados vota hoje os processos de cassação dos mandatos dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP). Os dois foram acusados pela CPMI dos Correios de receber dinheiro do chamado valerioduto. Brant, R$ 102 mil; Luizinho, R$ 20 mil. Eles estão confiantes na absolvição. Para que um parlamentar perca o mandato, são necessários 257 votos pela cassação. A votação é secreta.

"Eu não tenho nada a ver com o esquema que foi montado pelo PT. O dinheiro era uma contribuição da Usiminas", disse Brant. "Vou fazer um discurso com apelos pela razão. Pretendo também fazer uma análise do momento atual", disse o deputado. "Não peguei dinheiro. Foi um assessor que recebeu os R$ 20 mil, para pagar dívidas de campanha de 2004", afirmou Luizinho.

Por trás da confiança dos dois está a suspeita de que, debaixo dos panos, os partidos da base do governo, com o PT à frente, fizeram um acordo com os de oposição para livrar todos os cassáveis. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), no entanto, contesta a possibilidade de um acordão. "Como alguém pode crer que é possível guardar segredo sobre uma negociação que, obrigatoriamente, teria de envolver 513 deputados?", perguntou ele.

Brant é o primeiro da fila de cassações da sessão de amanhã. Disse que, se conseguir se livrar, votará pela absolvição de Luizinho. "O Professor Luizinho é um deputado de valor, sério, foi líder do governo. Não merece estar nessa situação", disse ele. Luizinho agradeceu: "Vou votar pela absolvição do Roberto Brant. Ele é um homem sério, foi ministro da Previdência".

Os dois adotaram táticas diferentes de atuação. Brant não bate à porta dos gabinetes para pedir pelo seu mandato. "Estou aqui há 20 anos. Esse tipo de campanha não resolve." Luizinho, pelo contrário, vai de um a um pedir clemência. Hoje mesmo ele permaneceu no Conselho de Ética durante as três horas e meia da sessão. Sempre que podia, conversava com seus colegas.

Os dois tiveram o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética. Brant teve folga muito maior. Na primeira votação, houve empate de 7 a 7. O presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), desempatou pela cassação. No julgamento de Luizinho, o placar foi de 9 a 4 pela cassação.

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