Um primeiro passo para a perda de mandato de cinco deputados investigados no inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira é esperado para a terça-feira. Até agora, estão envolvidos no esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT ) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ).

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O presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, deputado Francisco Praciano (PT-AM), e o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), reúnem-se com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para avaliar as denúncias contra deputados que manteriam ligações com o contraventor Carlos Alberto Ramos. Por ora, não há um entendimento sobre como lidar com os casos.

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“É um escândalo, as águas sujas da cachoeira respingaram na Câmara”, disse Chico Alencar. Integrante da Frente Parlamentar, ele defende que os deputados citados no inquérito se expliquem à Corregedoria Geral da Câmara. Segundo o socialista, a meta é examinar caso a caso, e, havendo indícios veementes de quebra de decoro, é dever dos partidos representarem contra o parlamentar no Conselho de Ética.

Neste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o deputado Carlos Alberto Leréia, aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recebeu R$ 100 mil de Cachoeira, além de ser sócio dele em um terreno avaliado em R$ 800 mil em um condomínio de luxo em Goiânia. Assim como o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o tucano usava um telefone da marca Nextel, cedido por Cachoeira e habilitado nos Estados Unidos, para dificultar grampos nas comunicações do grupo.

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O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), pediu um tempo para que o tucano possa se explicar. “Não prejulgamos ninguém, mas desejamos esclarecimentos”. Na mesma linha, o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), disse, por meio de sua assessoria, que não fará “qualquer juízo de valor neste momento” e assegurará a Leréia o pleno direito de defesa.

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), sugere que Leréia e os demais citados no inquérito se licenciem dos mandatos para prestar esclarecimentos à Câmara. “Nós cobramos de todos, a começar dos nossos”, diz Bueno. O deputado do partido Stepan Nercessian (RJ) pediu licença temporária do partido e dos cargos que ocupa na Câmara, mas não do mandato. Nercessian confirmou ter recebido R$ 175 mil de Cachoeira.