Calote de candidato gera manifestação de protesto

Cerca de vinte pessoas passaram o final de semana acampados em frente a residência do estudante Zamir Kennedy, no bairro Campo Comprido, em Curitiba. Eles queriam receber por trabalhos realizados durante a campanha eleitoral, na qual Kennedy concorreu a uma vaga a deputado federal pelo PTB, sendo derrotado com pouco mais de nove mil votos. Segundo Viviane Calderari, que foi responsável pela parte administrativa da campanha, o candidato deve, entre salários e notas fiscais empenhadas, R$ 290 mil. Com ela, Kennedy tem uma dívida de R$ 540,00. “A promessa era receber R$ 300,00 por mês, mais com metade sendo pago a cada 15 dias. Eu só recebi R$ 150,00 em 19 de agosto e mais nada”, revela. Já Dalmo Silva teve um prejuízo maior. Dos R$ 36 mil que tinha direito a receber por serviços prestados na área de serigrafia, conseguiu apenas parte do dinheiro, e amarga uma dívida de mais de R$ 10 mil pagos com cheques sem fundo. Nos cheques, abaixo da assinatura, constam “eleição 2002 – candidato Zamir Kennedy H. Teixeira”.

O motorista Hellington Vilmar de Paula, que tem para receber R$ 500,00 por um frete feito para a cidade de Maringá, estava indignado com a situação. Ele chegou em frente à casa do candidato na sexta-feira, dia 11, às 11h. “Eu estou aqui porque tenho direito a receber esse dinheiro”, reclamou. O mesmo defendeu Seir Neves, contratado para ser o “coordenador” da campanha de Kennedy no município de Pinhais. Dos R$ 3 mil acertados, ainda falta receber R$ 1.850,00, e ele não aceitava parcelar o valor. “Acho uma falta de respeito o que ele fez com a gente”, disse.

Explicação

Desde sexta-feira até ontem, contam os trabalhadores, cerca de dez viaturas da polícia já passaram pelo local. A única determinação foi que eles deixassem a frente da casa e acampassem em um terreno ao lado da residência. A reportagem de O Estado conversou com a mãe de Zamir Kennedy, Sônia Teixeira, na tarde de ontem. Ela prometeu efetuar o pagamento dos funcionários até quinta-feira, mas ressaltou que os números divulgados pelos cabos-eleitorais não correspondem a verdade. “Não devemos mais do que R$ 6 mil. Temos a relação de todos e vamos pagar tudo certinho”, afirma. Em alguns casos, segundo a mãe do candidato, o serviço encomendado também não teria sido feito. “O Dalmo da serigrafia por exemplo. Fez três artes para a gente, depois parou de trabalhar e veio cobrando R$ 8 mil. Aí não tem condições”, explicou.

Zamir Kennedy é filho do ex-vereador de Campo Mourão (1964 a 1976) e candidato à Presidente da República, em 1989, Zamir Kennedy Hoski Teixeira. (Colaborou Guilherme Voitch)

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