Pressão

Caíto Quintana contesta continuismo na AL

A atual mesa executiva da Assembléia Legislativa, que trabalha pela reeleição, poderá ter uma chapa concorrente. Um grupo de deputados decidiu contestar a forma de votação, em que são eleitos de uma vez só os nove membros da mesa executiva, e ameaça lançar uma chapa alternativa se não houver mudanças no sistema. Eles defendem uma alteração no regimento interno para que cada um dos cargos seja eleito separadamente, em voto nominal.

Um projeto modificando as regras já foi apresentado pelo deputado Reinhold Stephanes Junior (PMDB), mas ainda não começou a tramitar. A atual mesa, encabeçada pelo presidente Nelson Justus (DEM) e o 1.º secretário, Alexandre Curi (PMDB), resiste à mudança.

Justus e Curi teriam facilidade de reeleição na votação avulsa, mas os demais integrantes da chapa não ostentam a mesma popularidade e poderão perder as posições. A votação individual também abriria brecha para que alguns cargos fossem ocupados por deputados não alinhados ao grupo.

O deputado Caito Quintana (PMDB) é um dos defensores da votação individual. Ele disse que seria uma forma de compensar o fato de a atual Mesa não ter cumprido a promessa de acabar com a reeleição para os cargos. Com a votação em cada nome, pelo menos haveria a possibilidade de troca de titulares de alguns cargos, argumentou.

“Já que não houve o fim da reeleição, pelo menos que haja candidaturas avulsas. Se isso não ocorrer, aumenta o ânimo para lançar uma chapa concorrente”, afirmou o deputado peemedebista.

Quintana disse que o processo de votação em chapa fechada limita as opções dos deputados. “Às vezes, o deputado quer votar em um nome da chapa, mas não quer votar em outro. Na votação individual, ele vai poder fazer isso, sem problemas. Do jeito que é agora, votou em um votou em todos”, criticou.

O deputado Ney Leprevost (PP) também defende a mesma tese. Disse que já assumiu o compromisso de reeleger Justus e Curi, mas que acha que deve haver mudança nos titulares de outros cargos.

“Seria uma forma de fazer com que toda a mesa trabalhasse pela casa e não pelos interesses próprios. Do novo jeito, iria para a mesa só quem tivesse liderança”, afirmou.

Motivos ocultos

A pressão para mudar a forma de votação também teria outras motivações. Entre elas, a articulação da bancada de oposição para indicar o 2.º secretário, posição hoje ocupada pelo PT, com a deputada Luciana Rafagnin. Outra das razões seria de ordem pessoal entre alguns deputados.

O deputado Alexandre Curi disse que a decisão é pela chapa fechada. Mas que pode haver substituição dos atuais integrantes da Mesa se os partidos decidirem indicar outros nomes.

“Chapa fechada não significa que todos os nomes vão permanecer”, afirmou o deputado. Sobre a proposta de fim da reeleição para as posições da mesa, Curi disse apenas que ele e Justus já receberam declaração de votos de mais de 50 deputados. Para Curi, as manifestações mostram que a maioria absoluta do plenário é favorável à reeleição.