Busato quer punição para acusados

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, afirmou ontem, em João Pessoa, que a entidade tomará todas as medidas possíveis para que sejam punidos os políticos culpados envolvidos nos esquemas do mensalão, caixa dois e tráfico de influência. Busato criticou as manobras que os denunciados estão usando para tentar escapar da cassação dos mandatos. Para ele, há uma tentativa de minimizar a crise politica, criada pela própria base governista no Congresso. Busato citou o ex-ministro José Dirceu, um dos acusados, e afirmou que ele não pode ficar impune.

"As manobras do ex-ministro (Dirceu) são manobras em desespero de causa. Dirceu já foi definitivamente condenado pela opinião pública brasileira porque ele representou toda essa podridão, esse porão, esse mar de lama que ocorreu no Poder Executivo", afirmou. "Não pactuaremos com qualquer tipo de medida procrastinatória, que iniba a capacidade punitiva do Congresso Nacional. É hora de aproveitarmos o limão para fazer uma limonada".

Processo

O processo contra os treze deputados envolvidos em denúncias de corrupção na Câmara Federal deve ser aberto na segunda-feira. Até lá, há ainda a possibilidade de renúncia. Se renunciar, o deputado perde o mandato, mas não perde os direitos políticos, o que permite que ele venha a se candidatar o ano que vem e se eleito retomar sua carreira política, como se nada tivesse acontecido. O expediente da renúncia foi usado no presente escândalo (do mensalão) pelo presidente nacional do PL, Waldemar Costa Neto e pelo Bispo Carlos Rodrigues. A renúncia também foi usada pelo ex-presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, denunciado por corrupção no restaurante do Legislativo. Severino anunciou que renunciava para voltar no ano que vem.

A expectativa é de que outros deputados apelem ao mesmo recurso até segunda-feira. Entre eles, José Borba (PMDB-PR). A renúncia dos deputados petistas enfrenta oposição dentro do partido. Eles temem renunciar e não conseguir legenda no PT para retomar sua carreira política no ano que vem. O processo de cassação ganhou forma anteontem quando a Mesa da Câmara aprovou o envio das representações contra os 13 deputados ao Conselho de Ética. Assim que os processos forem abertos no Conselho de Ética e designado os seus relatores, os deputados, pelo regimento interno da Câmara, não podem mais renunciar e gozar do benefício de garantir os seus direitos políticos. Neste caso, eles ficam inelegíveis por um período de oito anos, como é o caso do ex-deputado Roberto Jefferson, o único cassado desde o início da crise política.

Voltar ao topo