A disputa interna do PSDB para a escolha do candidato a governador nas eleições deste ano já chegou à esfera judicial. Delegado à convenção tucana pelo PSDB de Ponta Grossa, o advogado Renato Vargas Guasque tentou, mas não conseguiu, suspender judicialmente a reunião do diretório estadual marcada para segunda-feira, para aprovar o nome do pré-candidato do partido.
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, disputa a indicação com o senador Alvaro Dias. Guasque ajuizou uma ação ordinária na 21.ª Vara Cível de Curitiba argumentado que o diretório estadual está atropelando a legislação eleitoral.
Conforme o calendário das eleições, os partidos somente podem indicar candidatos nas convenções realizadas entre 10 e 30 de junho. O juiz Rogério de Assis indeferiu o pedido de suspensão da reunião, concluindo que se trata de um assunto interno do partido, mas assinalou que a decisão terá que ser referendada na convenção de junho.
“Nós já nos sentimos contemplados porque o juiz entendeu que esta reunião não tem poder de deliberação. Vai ser uma ação entre amigos do prefeito de Curitiba”, criticou o advogado.
Amigo do senador Alvaro Dias, Guasque acusou a direção estadual e o grupo de apoio ao prefeito de Curitiba de tentarem fazer da candidatura de Beto um “fato consumado” antes da convenção.
“Nós queremos discutir democraticamente esta escolha. E a hora da decisão é na convenção, que só pode ser realizada em junho. Agora, é hora de os candidatos apresentarem suas propostas, suas biografias e o partido discutir. Querer atropelar tudo é um desrespeito ao estatuto do partido”, afirmou.
Obstáculo
Mas a ala que defende a candidatura do prefeito acusa o grupo de Alvaro de tentar retardar a definição para dificultar a indicação do prefeito, que terá de renunciar à prefeitura até o dia 3 de abril para concorrer ao governo.
No momento de anunciar esta decisão, Beto não pode ter nenhuma dúvida sobre sua candidatura ao governo, já que estará abdicando de quase três anos de mandato na prefeitura de Curitiba.
O presidente do partido, Valdir Rossoni, disse que a pré-indicação de um nome é um pressuposto para que o partido possa continuar conversando com outras siglas sobre as alianças eleitorais.
“O PSDB está ansioso por uma decisão. Os partidos aliados exigem posição nossa para definir alianças. É imperativo para fazer as costuras das alianças”, afirmou. Sobre a ação judicial, Rossoni minimizou seus efeitos sobre a unidade partidária. “Não há nenhuma repercussão. Nós devemos satisfação a todos os filiados do partido. Todos os partidos escolheram seus pré-candidatos. O PDT não escolheu o Osmar? O PMDB não indicou o Pessuti? Porque a lei para o PSDB tem que ser diferente?”, afirmou o presidente do partido.