Uma última reunião na manhã desta quarta-feira, 29, no Ministério da Defesa selou, com o banco de fomento sueco SEK, os termos para assinatura do contrato de financiamento da compra dos 36 caças Gripen entre Brasil e Suécia. Pelo acordo, a direção do SEK aceitou a redução da taxas de juros de 2,54% ao ano para 2,19% ao ano para o financiamento de 100% do projeto, que é da ordem de 39 bilhões de coroas suecas, algo em torno de US$ 5 bilhões. A economia estimada com a redução dos juros pode chegar a R$ 600 milhões (reais).

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“Chegamos a um denominador comum, bom para todos. Agora, o projeto vai seguir o seu ritmo normal”, disse à reportagem o ministro da Defesa, Jaques Wagner, que esteve no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira para comunicar à presidente Dilma Rousseff o resultado das conversas com os suecos. “A presidente ficou satisfeita com a negociação bem sucedida”, prosseguiu o ministro, ao lembrar que a concordância dos suecos em reduzir a taxa de juros contribuiu para que o negócio chegasse “a bom termo”.

Após comunicar à presidente de que o acordo fechado com os suecos será assinado nos próximos dias, aguardando apenas a sua formalização, Jaques Wagner embarcou, ao lado dos três comandantes militares para Ladário, em Mato Grosso do Sul, para acompanhar a realização da 9ª Operação Ágata.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também foi informado dos novos termos do contrato de financiamento e concordou com a proposta de 2,19% de juros ao ano. O contrato deveria ter sido assinado até 24 de junho, mas Levy, bateu o pé e rejeitou os juros previstos na primeira versão porque embutiam taxas que estavam em vigor há sete meses.

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Quando o contrato foi assinado, em outubro do ano passado, as taxas eram de 2,54%. Em maio deste ano tinham caído para 1,54%, mas em junho já tinham subido para 1,95% ao ano. Levy queria que as taxas fossem renegociadas, pelo menos, para 1,98% ao ano porque, agora, já tinham repassado os 2% de novo. Inicialmente, os suecos não concordaram com a redução, mas cederam mediante acréscimo de uma taxa de administração de 0,35%, a ser cobrada depois do 11º ano de vigência do contrato, que é de 25 anos. Tentaram, ainda, reduzi-la para 0,17% e por fim, concordaram em excluí-la.

O governo brasileiro não classifica o valor obtido de taxas de juros de 2,19% uma vitória, mas sim, um acordo possível e bom para ambas as partes. A intenção do ministro Levy é usar a redução dos juros com a Suécia como precedente para negociar outros acordos internacionais que estão sendo firmados por outras pastas. As últimas negociações levaram mais de um mês.

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As duas partes têm pressa na assinatura do contrato de financiamento para que seja possível cumprir o cronograma de embarque, ainda em agosto, dos 100 engenheiros da Embraer e oficiais da Força Aérea que se mudarão para a Suécia para trabalhar no desenvolvimento do projeto de construção do Gripen NG. Pelo contrato, o banco sueco de fomento financiará 100% do projeto, com oito anos de carência e 15 anos para pagamento. Todas as 36 aeronaves serão entregues antes de o financiamento começar a ser pago. Os primeiros aviões devem chegar em 2019.