Base aliada quer mais recursos para se animar

Para reanimar a base de apoio do Palácio Iguaçu, o líder provisório do governo, Dobrandino da Silva, vai pedir ao governador Roberto Requião (PMDB) que execute as emendas dos deputados da base de apoio embutidas no orçamento deste ano. Cada deputado tem R$ 1,5 milhão em emendas, conforme foi combinado na votação do ano passado, mas até agora o governo não liberou os recursos para as obras, equipamentos e programas indicados pelos deputados. O pagamento das emendas costuma ser uma carta na manga do governo quando sua base demonstra fragilidades.

 ?Até agora a liberação foi zero. Eu vou levar ao governador essa preocupação. Se ele vai atender, não sei?, afirmou o líder que reuniu vinte deputados de uma base que oscila entre trinta e trinta e cinco parlamentares. Segundo o líder em exercício da bancada governista, o clima entre os aliados é receptivo e o peemedebista acha que pode melhorar se conseguir fazer o que chamou de ?abrir caminhos? para a bancada no governo.

Esse processo implica desburocratizar o andamento dos pedidos dos deputados junto às diferentes secretarias de Estado. Dobrandino disse que vai montar uma estrutura na liderança do governo para cuidar exclusivamente das demandas da base. ?Vamos implantar a política da boa vizinhança. Nenhum deputado irá ficar sem resposta. Vamos fazer andar os pedidos dos deputados?, prometeu.

O próximo passo do líder é promover encontros individuais com os aliados. Desta forma, o peemedebista acha que vai conseguir saber o que incomoda a cada um na relação com o governo. ?Vamos fazer com que todos tenham um bom tratamento e reconhecimento por parte do governo. E que isso se estenda às secretarias?, afirmou.

Autoridade

Se a política da boa vizinhança do líder provisório vai dar certo, ninguém garante. Mas há consenso que Dobrandino leva uma vantagem em relação aos outros dois deputados que já ocuparam o cargo no atual governo – os petistas Ângelo Vanhoni e Natálio Stica – e que pode ser o diferencial. Dobrandino é apontado como alguém com acesso direto ao governador e a quem Requião costuma respeitar. Ele é descrito pelos colegas e até pela oposição como um deputado que não se intimida com o estilo de Requião, com quem poucos se arriscam a falar de igual para igual.

Até o líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), disse que o peemedebista tem mais força para atuar. ?A pior coisa do mundo é ser líder sem ter força política. Acho que o governador teve um lampejo de sabedoria ao chamar o Dobrandino?, afirmou Rossoni, que foi por dois anos líder do governo, na época de Jaime Lerner.

No primeiro encontro depois do desastre sofrido pela bancada aliada na eleição das comissões – o Palácio Iguaçu perdeu o controle da principal comissão da Casa, a de Constituição e Justiça para a oposição – o líder provisório acha que foi possível recompor um pouco da unidade do bloco. Se for bem-sucedido na liberação das emendas, pode até se credenciar para permanecer na função. Por enquanto, ainda não se testou a coesão da bancada aliada em plenário. Dobrandino disse que, por enquanto, não há previsão da entrada de uma matéria estratégica para o Palácio Iguaçu na ordem do dia. E até que a base se reconstitua, dificilmente projetos assim irão a plenário, se depender da vontade do Palácio Iguaçu.

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