Atuação de Requião no Paraguai será apurada

O líder da bancada de oposição ao governo, deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB), está propondo a ida de um grupo de parlamentares ao Paraguai para investigar as denúncias feitas pela revista IstoÉ sobre a participação de integrantes do governo do Estado na campanha presidencial do país vizinho, em favor da candidatura do ex-bispo católico Fernando Lugo.

Rossoni disse que as informações publicadas na edição desta semana da revista são ?vagas?, mas não podem ser desprezadas já que a reportagem menciona denúncias de senadores do Partido Colorado, adversários de Lugo, que acusam o governo do Paraná de contribuir financeiramente na campanha, representando os interesses do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A eleição paraguaia está marcada para o dia 20 de abril.

Rossoni disse que está conversando com outros integrantes da bancada de oposição para que se forme uma comitiva que iria investigar se o secretário de Comunicação Social, Aírton Pisseti, atua na coordenação de marketing da campanha de Lugo e se está havendo trânsito de recursos, como menciona a IstoÉ. ?Nós temos recebido informações de vôos permanentes entre Curitiba e Assunção (capital do Paraguai). Agora, vem a revista e publica isso. Não é possível que o secretário de Comunicação do Paraná, que ganha pela função, esteja trabalhando também no Paraguai. Não podemos tomar como verdadeiras essas informações sem antes verificar. Mas temos que ir lá ver o que ocorre?, justificou o líder da oposição.

A oposição não pretende buscar o aval da Assembléia Legislativa para agir. Rossoni disse que o trabalho de apuração será independente. ?Se formos discutir em plenário se vamos investigar ou não, vamos ficar quinze dias debatendo. Nossa obrigação como deputados é fiscalizar. E isso podemos fazer por conta própria, sem custos para o Legislativo?, justificou o deputado tucano.

Às compras

Foto: Fábio Alexandre

Rossoni: nós vamos lá.

Pisseti disse a O Estado que a reportagem da IstoÉ faz parte do que chamou de ?rotina previsível de pessoas que querem plantar matérias do Paraguai no Brasil?. De acordo com o secretário, nem ele nem o governador Roberto Requião foram ouvidos pela reportagem. Ele classificou como ?delírio? a suposta articulação entre Requião e Chávez para enviar recursos à campanha de Lugo. ?Se os deputados querem ir ao Paraguai é para fazer compras e turismo. Porque não há o que fazer lá. Eles vão perder tempo?, declarou.

O secretário de Comunicação admitiu que está colaborando com a campanha do candidato oposicionista do Paraguai, mas afirmou que esse apoio tem caráter pessoal. O secretário disse que tem uma amizade antiga com Lugo, com quem tem identidade ideológica. Pisseti informou que, esporadicamente, viaja a Assunção para observar e dar orientações na campanha. Mas que não é coordenador da campanha. ?É uma campanha pobre, que não tem dinheiro nem para fazer adesivos, cartazes e nem mesmo para comícios. Eu vou lá em caráter pessoal e pago minhas despesas?, afirmou.

O governador tem conhecimento das viagens de Pisseti. ?Eu pedi permissão a ele. Mas ele não tem nada a ver com isso. Eu acho que ele torce para o Lugo no Paraguai, assim como torceu para o Tabaré Vázquez (atual presidente do Uruguai) e para a Cristina Kirchner, na Argentina?, comentou.

Propostas de Lugo assustam o Planalto

O jornal paraguaio ABC Color reproduziu ontem a reportagem da revisa IstoÉ, sobre o envolvimento do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), nas eleições presidenciais do país vizinho. E, também, publica uma matéria em sua edição virtual, na qual o ex-bispo Fernando Lugo, candidato da Aliança Patriótica por Mudanças, que seria apoiado por Requião e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rebate a reportagem da revista brasileira.

O ex-bispo, segundo o ABC Color, negou que esteja recebendo ajuda. ?Devo confessar que nos encontramos, porém nunca existiu ajuda econômica, nem logística?. O bispo, ainda segundo o jornal da capital paraguaia, manifestou que é necessário que o Paraguai mantenha boas relações com os países vizinhos.

A eleição do Paraguai está sendo disputada por três candidatos de oposição ao governo: Lugo, Pedro Fadul, do partido Pátria Querida e o general da Reserva Lino Oviedo, da aliança União Nacional de Cidadãos Éticos. A candidata da situação, apoiado pelo atual presidente Nicanor Duarte, é a ex-ministra da Educação Blanca Ovelar, do Partido Colorado, que há sessenta anos governa o Paraguai.

Pró-Oviedo

De acordo com jornais de circulação nacional, Oviedo tem a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi recebido por Lula na semana passada. O governo brasileiro se inclinaria por Oviedo por causa das propostas de política energética de Lugo. Ele defende a soberania energética paraguaia e uma revisão dos preços pagos pelo Brasil pela energia produzida na Usina de Itaipu.

Em entrevistas, Lugo rejeita o rótulo de ?populista de esquerda? que os adversários tentam imprimir à sua candidatura. ?Eu me identifico mais como um elemento aglutinador de todas as forças de oposição do meu país?. Segundo ele, sua Aliança Patriótica por Mudanças – formada por nove partidos e 20 movimentos sociais e políticos – reúne representantes de vários espectros ideológicos.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, Lugo disse que o tratado assinado entre Brasil e Paraguai para a construção de Itaipu previa um preço justo. E que, atualmente, trata-se o valor pago pelo Brasil corresponde ao preço de custo.

Conforme o Valor Econômico, o ex-bispo da Igreja Católica aparece nas pesquisas de intenções de votos com 46% da preferência do eleitorado.

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