Os atos favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro marcados para o próximo domingo, 26, têm sido motivo de divergência entre parlamentares apoiadores do presidente. Se, de um lado, alguns elogiam e fazem até convocações para a manifestação, outros entendem que ir para as ruas neste momento não é a melhor das estratégias. O presidente não deve participar dos atos. A legenda deve definir se apoia oficialmente ou não os atos em reunião ainda nesta terça-feira, 21.

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Ainda que o objetivo central seja o apoio às pautas do Planalto como a Previdência, o pacote anticrime do ministro Sergio Moro e a Medida Provisória 870 – que reorganiza a estrutura do governo e está sob ameaça -, alguns grupos defendem do enfrentamento ao Centrão à criação da CPI da Lava Toga.

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Um dos contrários à manifestação é o presidente do PSL, partido do presidente, Luciano Bivar, para quem as manifestações “são sem sentido”. “Não há crise ética, não há crise moral, estão se resolvendo os problemas das reformas. Vejo sem sentido essa manifestação”, disse. “Para que tirar o povo para uma coisa que já está dentro de casa? Já ganhamos as eleições, já passou isso aí.”

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Bancada

Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo identificou que, dos 54 deputados federais do PSL, pelo menos 19 fizeram convocações em suas redes. O deputado federal Luiz Phelippe de Orléans e Bragança afirmou que o povo deve ir para as ruas exercer o voto de confiança no governo. “Se você confia no Centrão para combater à corrupção, aumentar a segurança e promover crescimento econômico fique em casa. Eu vou para a rua”, escreveu.

A deputada Carla Zambelli (SP) afirmou que vai ao ato para defender o pacote anticrime, as reformas econômicas e o Coaf com Sergio Moro. Alexandre Frota (SP), um dos defensores da reforma da Previdência, também apoia os atos: “A minha posição é a de sempre desde 2014. Eu luto pelo Jair. A esquerda faz seu trabalho sujo, mas a gente passa por cima”, afirmou. Márcio Labre (RJ) diz que o ato é legítimo dos que apoiam o presidente e que o momento é de “chantagens de traições em curso”.

Outros parlamentares destacaram a importância das pautas do governo no Congresso, mas não falaram explicitamente sobre os atos para seus seguidores. É o caso do Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara, e de Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Casa. Joice Hasselmann (SP), líder do governo no Congresso, também não falou sobre as manifestações.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que chegou a ser cogitada para o cargo de vice, pediu para que as convocações parassem no último fim de semana. “Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem!”, escreveu. “Não se permitam usar! Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita”, afirmou Janaina.

Senado

Dos quatro parlamentares do PSL no Senado, dois se manifestaram – Major Olímpio (SP) e Soraya Thronicke (MS). Na terça, Olímpio admitiu que as manifestações já têm pautas que não eram as originais da mobilização proposta por ele e pelo movimento “Avança Brasil”.

“A manifestação ganhou outras conotações, até mesmo de censura de partidos políticos, mas esse não é o nosso objetivo. É uma manifestação pró-Bolsonaro, contra a corrupção, pela diminuição do Estado e em apoio ao pacote anticrime do governo”, destacou.

Já na opinião de Soraya Thronicke, os partidos do Centrão se movimentam para boicotar o governo pensando na próxima eleição e devem ser o alvo dos protestos no próximo domingo. “É um boicote, para mim está claro. É um boicote com intenção eleitoral para se eleger, para não dar certo esse governo porque daí eles voltam”, disse na segunda. “A pauta (da manifestação) tem que ser muito específica, certeira e pontual: cobrar os parlamentares, cobrar o Centrão.”

Flávio Bolsonaro (RJ) e Juíza Selma Arruda (MT) não falaram sobre os atos.