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Após recuo de Marun, CPMI da JBS aprova relatório final esvaziado

Em uma sessão esvaziada, a CPMI da JBS aprovou na manhã desta quinta-feira, 14, seu relatório final, no qual trata de uma série de recomendações. Os pontos mais polêmicos que constavam no texto original, do deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator da comissão, foram retirados para que houvesse acordo.

Entre os itens retirados estão o pedido de indiciamento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e recomendações de mudanças na lei que trata das delações premiadas. Foi mantido o pedido de indiciamentos do ex-procurador Marcello Miller.

As alterações no texto de Marun, porém, foram feitas até a última hora. Minutos antes de a sessão começar, Marun foi rodeado por parlamentares, que exigiram mais mudanças para que houvesse acordo.

Irritado com a possibilidade de não ter o relatório aprovado, uma vez que esperava tomar posse ainda nesta quinta como ministro da secretaria de Governo, o deputado cedeu. “Você pede, eu mudo, daí você dorme e muda de ideia?”, questionou Marun a João Gualberto (PSDB-BA). “Palavra em política é importante.”

A posse de Marun no novo cargo deverá ocorrer apenas na sexta-feira, 15, uma vez que o presidente Michel Temer permanece internado em São Paulo, após passar por uma pequena intervenção cirúrgica na quarta-feira.

Entre os itens alterados na última hora estava a inclusão do depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, ligado à Odebrecht, e um pedido para que fatos por ele relatados fossem investigados. “Ficaria parecendo que a gente estaria pedindo para investigar o juiz Sérgio Moro com base na palavra de um bandido foragido”, disse o deputado Delegado Francischini (SD-PR).

Por terem sido feitas em cima da hora, as alterações no texto final nem sequer estavam disponíveis no sistema da CPMI no momento da votação, que foi simbólica. No momento, apenas 10 dos 29 titulares da comissão estavam presentes. Quatro se manifestaram contrários.

“Acho que é triste o fim dessa CPMI. O objetivo, como sempre foi falado, era o de perseguir o MPF por crimes que não existiram e também mudar o instituto da delação premiada. E queria dizer da tristeza de não vir aqui os políticos. Só vieram os corruptores”, disse Gualberto.

Ao final, o presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse lamentar que as investigações da CPMI não pudessem avançar e recomendou que sejam propostas novas comissões parlamentares de inquérito para tratar de irregularidades envolvendo os temas tratados na comissão que investigou o acordo de delação da JBS.

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