Alvaro monta palanque multipartidário

O senador Alvaro Dias (PSDB) conseguiu juntar, ontem, durante o lançamento de sua campanha à reeleição, representantes de partidos que são adversários na disputa para o governo. Alvaro recebeu o apoio de aliados das candidaturas ao governo do senador Osmar Dias (PDT) e do governador Roberto Requião (PMDB), como o PP e o PTB, além das duas alas do seu partido, que estão em atrito por causa da aliança com o PMDB.

Pelo restaurante Madalosso, em Santa Felicidade, passaram o candidato do PDT ao governo, senador Osmar Dias, assim como o presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, e o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Rafael Iatauro, que acompanharam o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), indicado candidato a vice-governador na chapa de Requião, e o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, que lidera a ala contra o acordo com Requião.

"É uma candidatura suprapartidária", definiu Alvaro, que espera deslocar os mesmos apoios para o palanque do candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, no Paraná. O senador tucano considerou natural a adesão do PMDB. "Terei muitos peemedebistas comigo. Afinal, também fui um deles", disse Alvaro, que deixou claro, porém, que independente da decisão da Justiça Eleitoral sobre a validade da coligação tucano-peemedebista, irá apoiar a candidatura ao governo do irmão, o senador Osmar Dias (PDT).

Alvaro disse que nem a legislação partidária nem imposições políticas podem prevalecer sobre suas relações familiares. "Nenhuma disposição legal, principalmente nesta anarquia que é a situação partidária nacional, iria me levar a romper este vínculo", afirmou.

Osmar foi cauteloso. Disse que estava no almoço de lançamento da candidatura de Alvaro na condição de "irmão" e não discursou durante o evento. Mas seu apoio informal é de Alvaro. O senador pretende aguardar o desfecho do impasse sobre a aliança, antes de decidir como poderá fazer campanha conjunta com o irmão. O candidato do PDT torce para que prevaleça a resolução nacional do PSDB, que anulou a aliança com o PMDB. Desta forma, se os tucanos ficarem livres, muitos poderão subir ao seu palanque, como o prefeito de Curitiba, Beto Richa, que esteve ontem no lançamento de Alvaro, mas que ainda não revela suas preferências para o governo.

Indissolúvel

O deputado Hermas Brandão afirmou que o PMDB deu uma demonstração de que fechou o apoio ao senador Alvaro Dias. "Somos democratas. Fizemos uma convenção que aprovou a aliança com o PMDB, que por sua vez, indicou o senador Alvaro Dias para o Senado", comentou Brandão, citando que a presença de Iatauro no almoço do senador tucano reforça essa posição.

O presidente do PMDB, Dobrandino da Silva, afirmou que a maioria do partido irá trabalhar pela candidatura do senador Alvaro Dias. "Nós fizemos uma aliança com o PSDB. E por isso estamos aqui. O PMDB por maioria vai apoiar o Alvaro", afirmou o dirigente estadual peemedebista, desprezando o fato de uma ala do PMDB estar sinalizando apoio à candidata do PT ao Senado, Gleisi Hoffmann. Para o senador Alvaro Dias, essa divisão não incomoda. "Acho normal porque eu não apóio o candidato do PMDB ao governo. Então, é natural que isso ocorra", afirmou o senador tucano.

Sobre a posição de neutralidade do governador Roberto Requião na eleição presidencial, Alvaro afirmou que o peemedebista tem liberdade para definir sua posição. "Para o diretório nacional do PSDB, o PMDB do Paraná está apoiando o Alckmin. O governador é um dissidente. O importante é que o PMDB é tido como um aliado de Alckmin", resumiu.

Traiano cai em combate dos tucanos

Enquanto o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) não define o destino da aliança entre o PMDB e o PSDB, as duas alas do partido travam um combate interno. Ontem, o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, criticou a presença dos peemedebistas no lançamento da candidatura à reeleição do senador Alvaro Dias. Já a ala pró-PMDB decidiu depor o líder da bancada do partido na Assembléia Legislativa, Ademar Traiano, aliado de Rossoni na briga contra a aliança.

"Temos que ter um pouco de pudor", atacou o dirigente tucano, ao ver chegar no almoço de lançamento o grupo de peemedebistas, liderado pelo deputado tucano Hermas Brandão, indicado candidato a vice-governador na chapa do governador Roberto Requião.

Do outro lado, Brandão anunciou a saída de Traiano da liderança da bancada. A decisão está tomada há uma semana e será comunicada ao deputado no retorno dos trabalhos da Assembléia Legislativa na próxima semana. "Um líder de bancada tem que acompanhar a decisão do partido. Isto não está acontecendo com o Traiano", afirmou Brandão, referindo-se à decisão da maioria dos deputados de apoiar a aliança com o PMDB, conforme definido na convenção.

Voltar ao topo