Preterido pela direção estadual do PSDB, que, na semana passada, lançou o prefeito de Curitiba, Beto Richa, como pré-candidato ao governo do Estado, o senador Alvaro Dias declarou, ontem, não ter mais esperanças de ser candidato.

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Alvaro foi mais além. Fez duras críticas à direção do partido no Paraná e disse que não votará em Beto Richa nas eleições de outubro. Alvaro Dias disse que aguardará até as convenções e a consequente definição dos candidatos para decidir quem apoiar, e que, por isso não tem pressa para se posicionar, mas garantiu que não ficará em cima do muro e adiantou que: “posso até não fazer campanha, mas vou anunciar meu voto. Não apoio quem aceita falcatrua. Não apoio quem compactua com irregularidades e ilegalidades. E não vou votar em quem tem objetivos escusos e se esconde atrás das aparências”, disse, aumentando a crítica na sequência.

“Se imagino que alguém pode, como conseqüência de sua eleição, ser um desastre para o Estado, não posso votar. E estou mais perto com mais informações, conheço fatos, conheço a realidade, tenho que ser respeitador dos interesses da população”, atacou.

O senador, no entanto, não citou nomes e disse estar falando em tese. “Ninguém é candidato ainda. Após as convenções terei que me posicionar e dizer a quem acredita em mim se há algum candidato que se encaixa nesse perfil”.

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Sobre suas chances, Alvaro disse não ter mais nenhuma esperança de ser candidato. “Eu não tenho nenhuma chance de ser candidato no PSDB do Paraná. Já na eleição passada, o partido conseguiu impedir minha candidatura ao governo e, agora, novamente. Não creio que o PSDB do Paraná permita que eu seja candidato. O comando do PSDB do Paraná tem um modelo, e o meu é outro. Não há a possibilidade de eu ser aplaudido por esse comando do PSDB do Paraná”, declarou o senador, que criticou a forma como o candidato foi escolhido.

“O partido tem 681 convencionais. Eles foram desprezados, proibidos de participar. Reuniram um diretório que tem 45 membros, conseguiram 42 presenças, dos quais, 15 suplentes. Dezoito titulares não participaram. Dos que votaram, 19 possuem cargos de confiança na prefeitura e os demais, com algumas exceções, possuem indicações na prefeitura, com parentes, amigos ou aliados. É dessa forma que se decide o futuro do partido no Paraná. E eu não posso compactuar com isso”, denunciou o senador, que classifica a reunião do diretório, “em caráter de pré-convenção”, como uma afronta à legislação eleitoral.

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O senador disse não ter mais a intenção de colocar seu nome na convenção tucana de junho. “Seria idiota se me submetesse a mais esse constrangimento. Eu sei como o partido está constituído e sei que se depender desse grupo, nunca serei candidato”.

Alvaro explicou, no entanto, que não tem intenção de trocar de partido. “Posso ser tratorado, mas vou ficar no partido defendendo as minhas convicções. Obviamente que se, futuramente, eu entender que deva disputar uma eleição e for impedido no meu partido, tenho certeza que a Justiça vai me permitir buscar uma sigla para disputar a eleição”.

“Ele não vota ou apoia o PSDB do Paraná”

Elizabete Castro

O presidente do PSDB do Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, disse que não se surpreende com as críticas do senador Alvaro Dias ao partido. “Que ele não vota ou apoia o PSDB do Paraná nós já sabemos”, reagiu Rossoni, um dos principais adversários internos do senador tucano.

O dirigente afirmou que o senador ,“queimou todas as pontes” no partido ao criticar a direção e a pré-indicação do prefeito de Curitiba, Beto Richa, como candidato do partido para disputar o governo estadual.

“O PSDB só serve para o Alvaro se ele for o candidato. Para ele, tudo o que o PSDB faz está errado”, atacou Rossoni. O líder da bancada do PSDB na Assembleia, Ademar Traiano, acusou Álvaro de prejudicar a candidatura tucana ao Planalto. “Se ele tivesse espírito partidário, ele deveria se somar a nós e nos apoiar porque o sentimento do partido é o Beto Richa como nosso candidato. Ao se colocar dessa forma, ele prejudica o partido e os nossos candidatos”, afirmou.

Rossoni disse que Álvaro não deveria ter retornado ao PSDB, se considerava boicotado em seus projetos políticos. Ele se referiu ao período em que o senador recusou a retirar sua assinatura da CPI da Corrupção, para investigar o governo FHC, e teve que deixar a sigla.

À época, Alvaro ingressou no PDT e, depois, retornou ao PSDB. “Eu só me lembro que ele fez acordo branco com o Jaime Lerner”, cutucou. Ele citou que Álvaro disputou o Senado em 98 pelo PSDB e a coligação de Lerner, no PDT, não lançou candidato.