O ex-deputado e ex-vice-prefeito de Curitiba Algaci Tulio (PMDB) declarou ontem que foi sob orientação do grupo político do ex-governador Jaime Lerner (PSB) e do ex-prefeito Cássio Taniguchi (PFL) que fez os empréstimos bancários, os quais resultaram em sua condenação a sete anos e cinco meses pela Justiça Federal, em primeira instância, por envolvimento em crime de falsidade ideológica e gestão temerária do Comitê de Crédito e Operações do Banco Banestado. Diretores do banco também foram condenados e, assim como o ex-deputado, devem recorrer em liberdade.
Tulio disse que ainda não foi intimado pela Justiça Federal e assim que isso acontecer vai recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre. O ex-deputado convocou uma entrevista coletiva no escritório de seu advogado, Júlio Militão, para apresentar sua versão a respeito de dois empréstimos, num total de R$ 200 mil, que foram feitos em 1996 junto ao Banestado. ?Estou aqui para dar uma satisfação à sociedade paranaense e aos colegas da imprensa?, explicou.
Tulio disse que ao desistir em 1996 de sua candidatura à prefeitura de Curitiba, para ser vice na chapa de Taniguchi, ficou acertado que a dívida de R$ 200 mil que ele tinha feito em sua pré-campanha, seria saldada com os débitos de campanha, assim que as eleições terminassem. ?Eu estava em campanha antes mesmo de ter sido decidido quem seria o candidato. Eu tinha feito essa dívida e estava com boas chances de me eleger, mas o Cassio foi escolhido. O grupo de Lerner e Cassio se reuniu e disse que no acerto final tudo iria entrar como despesa da campanha à prefeitura?, afirmou. Conforme o ex-deputado, foi um ?acordo político?.
Segundo Tulio, dois empréstimos de R$ 100 mil foram feitos contra a sua vontade junto ao Banestado para saldar as dívidas, sob orientação do grupo político a que estava vinculado. Somente depois de sucessivas operações é que a dívida chegou a R$ 2.391.581,45. ?Eu não tinha cadastro no banco para conseguir fazer os empréstimos. Os diretores do Banestado foram pressionados pelo grupo do então governador Jaime Lerner, para assinarem as liberações?, afirmou.
Tulio disse que poderia ter quitado a dívida se tivesse votado a favor da venda da Copel. ?E ainda teria sobrado um pouco para mim. Não fiz isso porque sou honesto?, declarou. Segundo o ex-deputado, a própria sentença do juiz diz que o empréstimo serviu para pagar dívidas de campanha. ?Consta do processo as cartas que mandei a Lerner avisando-o do problema. Taniguchi também sabia de tudo?, disse.
Resposta
O ex-governador Jaime Lerner se manifestou por meio de nota em que diz que os fatos afirmados ontem por Tulio não são verdadeiros. ?Repudio veementemente as inverdades assacadas. Estou, a partir de hoje, tomando as medidas necessárias e legais, para que a verdade e a minha honra prevaleçam?.
Já Taniguchi, que é candidato a deputado federal, emitiu anteontem nota a respeito da condenação de Algaci Tulio, dizendo que não teve qualquer envolvimento nesse processo judicial. ?Não tenho, nem nunca tive qualquer relação com os empréstimos realizados pelo Banestado para as referidas empresas?. Para o ex-prefeito, a tentativa de envolvê-lo no processo é totalmente descabida e tem fins únicos e exclusivos de denegrir sua imagem, tendo em vista a proximidade das eleições.


