O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou hoje o relatório final sobre a denúncia de vendas de emendas parlamentares, encerrando os trabalhos. O documento, de autoria do deputado José Bittencourt (PDT), é uma mera transcrição das atas das reuniões da comissão que analisou o caso.

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O relatório foi aprovado por 6 votos a 2. Votaram a favor Campos Machado (PTB), Alex Manente (PPS), Dilmo dos Santos (PV), Cauê Macris (PSDB), Célia Leão (PSDB) e o próprio relator. Os petistas Luiz Cláudio Marcolino e Marco Aurélio Souza foram contrários ao texto.

O documento será encaminhado ao Ministério Público, único órgão encarregado de apurar o caso a partir de agora. Da Assembleia, receberá só as cartas de Roque Barbiere (PTB) e Bruno Covas (PSDB), nas quais nenhum dos dois dá nomes de parlamentares que praticaram irregularidades, e o depoimento do deputado Major Olímpio (PDT).

“É um relatório que sai do nada e caminha cinicamente a lugar nenhum”, atacou o deputado João Paulo Rillo (PT). O presidente do diretório paulista da sigla, deputado Edinho Silva, fez coro às críticas. “Se a Assembleia está sendo humilhada, é por uma posição adotada consciente ou inconscientemente por parlamentares que impedem que a Casa cumpra seu papel constitucional. Quando a Assembleia abre mão de investigar, mais uma vez ela se enfraquece.”

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Tido por alguns parlamentares como “coveiro” das investigações, Campos Machado alegou mais uma vez falta de prerrogativas do conselho para justificar o encerramento dos trabalhos. “O que é que vai aumentar a dignidade desta Assembleia com esse conselho amordaçado?”, questionou o líder do PTB. “Eu só sou vassalo da minha consciência, e não da opinião dos outros ou da opinião pública.”

O presidente do conselho, Hélio Nishimoto, se disse “frustrado”, mas considerou o relatório final satisfatório. “O que queremos é voltar (ao caso) depois do depoimento do deputado Roque Barbiere ao Ministério Público, é ter algum nome para que a gente possa voltar a reunir o conselho”, alegou. “Eu esperava atuar em cima de informações de deputados que cometeram irregularidades. Isso não aconteceu.”

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Presidência

A notícia de que o presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), teve direito a emendas parlamentares que somariam R$ 7 milhões em 2010, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, irritou o tucano. A cota “oficial” dos deputados é de R$ 2 milhões. Munhoz teria reclamado do vazamento da informação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), dizendo aos gritos que se tratava de “uma sacanagem”. O presidente da Assembleia cogitou dar uma entrevista coletiva sobre o caso, mas desistiu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.