Numa conversa de duas horas e 30 minutos com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pré-candidato à reeleição, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que só uma consulta ampla para escolher o pré-candidato a presidente vai assegurar a unidade do partido em outubro.
Ao fim Fernando Henrique, Jereissati, Aécio e Alckmin decidiram que o parlamentar ouvirá senadores e deputados e os governadores, os correligionários. Os dados refluirão para Jereissati, que fará a peneira final. O candidato será anunciado entre 10 e 15 de março.
O governador de São Paulo disse ao triunvirato que não abre mão da pré-candidatura porque acha que tem maioria em todas as instâncias da legenda. ?Coloquei minha candidatura à disposição do partido e falei da minha disposição na construção do entendimento e da minha intenção de trabalhar pelo Brasil?, disse, após o almoço. Alckmin conta com argumentos que considera inquestionáveis: tem uma presumida maioria em qualquer instância da sigla e aposta no constrangimento do prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB), para deixar a Prefeitura e disputar abertamente com ele a indicação da agremiação.
Ante a posição inflexível do governador, Jereissati admitiu que a escolha poderá se estender por um tempo maior que o previsto e opinou que a solução é continuar conversando para buscar um entendimento. ?Só se não houver entendimento é que se poderá discutir um critério para a disputa?, disse, salientando que será ?um fracasso pessoal? se esse entendimento não for conseguido.
Romaria
O governador deixou claro ontem, para o alto comando do PSDB, que, se não houver uma eventual desistência de Serra, a única solução será aprofundar a audiência do partido. O deputado estadual Edson Aparecido (SP), alckmista, disse que a romaria com que Serra contava para estimular a candidatura acontece com Alckmin.
Hoje, a bancada estadual do PSDB de São Paulo foi a Alckmin prestar apoio à indicação como candidato. Entre os 22 deputados, estava o presidente estadual do partido, Sidney Beraldo, que afirmou ao governador o apoio da seção paulista do partido. Alckmin, que tem maioria dos deputados federais do PSDB, como apurou a reportagem, tem dito que 9 dos 15 senadores do partido o apóiam, assim como os governadores de Goiás, Marconi Perillo, da Paraíba, Cássio Cunha Lima, e do Pará, Simão Jatene.
A quem duvida das reais possibilidades eleitorais contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin exibe números da última pesquisa que segmentou a simulação presidencial em São Paulo: segundo o Datafolha de dezembro, ele venceria Lula no 1.º turno por 53% a 19%, e, no 2.º, por 65% a 25%. Embora ainda seja pouco conhecido no resto do País, alega que crescerá exibindo o reconhecimento dos conterrâneos.
Alckmin e Serra encontraram-se ontem cedo no Palácio dos Bandeirantes para assinar um convênio de troca de imóveis entre o Estado e a Prefeitura. Bem humorado, Serra brincou com os jornalistas: ?Queria agradecer a presença da imprensa. É extraordinário, comovente, o interesse de vocês?, brincou, rindo e arrancando risos dos jornalistas, que lotavam o local à espera do almoço que logo depois reuniria Alckmin e o triunvirato tucano que conduz a escolha do partido.
