O DEM adotará um discurso mais duro em relação ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A avaliação do líder do partido, José Agripino Maia (RN), é de que o peemedebista não tem mais condições de presidir a Casa. “Há um mês pedimos o licenciamento dele da presidência para dar mais legitimidade às investigações. Ele não apresentou argumentos satisfatórios e não aceitou nossa sugestão. Vou pedir para a bancada para a gente evoluir para a renúncia em nome da passagem à limpo do Senado”, disse o senador.
A bancada do DEM no Senado marcou reunião para hoje para discutir, durante um almoço, se o partido apresentará ou não representação por quebra de decoro parlamentar contra José Sarney no Conselho de Ética. O presidente do Senado tem onze ações no colegiado, que o responsabilizam pela contratação de aliados e parentes por atos secretos a desvio de dinheiro destinado pela Petrobras à Fundação Sarney para empresas fantasmas.
O PSDB também reúne a bancada hoje, a pedido do líder Arthur Virgílio (AM). O parlamentar quer o apoio dos senadores do seu partido para apresentar representação contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Ele avalia que o senador alagoano feriu o decoro ao ameaçar que o denunciaria ao Conselho de Ética caso o PSDB insistisse em pressionar pela saída de José Sarney da presidência do Senado.
Na semana passada, Renan informou que o partido poderia registrar no Conselho de Ética uma representação contra Virgílio. As ações seriam embasadas em reportagem da revista “IstoÉ”, que revelou que o tucano teria pego, em 2003, US$ 10 mil emprestado do ex-diretor do Senado Agaciel Maia quando teve problemas com seu cartão de crédito em uma viagem particular a Paris. Segundo a revista, o senador também teria ainda extrapolado o limite permitido pelo Senado para usar em tratamentos de saúde, quando a mãe dele ficou doente.
O PDT, que conta com cinco senadores, é outro partido que marcou reunião hoje para debater se endossará ou não o coro de senadores que pedem a renúncia de Sarney do cargo. Durante o recesso parlamentar, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu a renúncia do peemedebista e anunciou que levaria este posicionamento para conhecimento dos demais senadores do partido na volta dos trabalhos.