Aécio critica atuação do governo na área econômica

Com um discurso focado em críticas à atuação do atual governo na área econômica, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira, 30, em sabatina realizada na Confederação Nacional da Indústria (CNI), que se eleito terá implantará um “novo ciclo” que passa por questões voltadas para infraestrutura, taxa de câmbio, juros e simplificação do sistema tributário. “Sou candidato do sentimento profundo de mudança que permeia sociedade brasileira… não tenho dúvidas dos desafios que temos pela frente. Me preparei e me reuni ao longo dos últimos anos com as mais expressivas lideranças da economia. Não é normal para um País com a nossa renda média viver processo de desindustrialização”, afirmou.

Logo no início da apresentação, o tucano considerou que o governo do PT apostou em ações erradas nos últimos anos. “Os resultados pífios da economia brasileira são obras de brasileiros. São consequências de opções erradas que o atual governo fez nos últimos anos. Ao longo de 10 anos o atual governo demonizou as parcerias com setor privado. Tempo que nós perdemos e não voltará mais”.

Em seguida avaliou que uma das consequências das problemas enfrentados hoje na área econômica é a “falta de credibilidade”. “O governo não teve oportunidade de mobilizar investimentos necessários. Para avançarmos precisaríamos pensar em investimento em infraestrutura da ordem de 4,5% ou 5%. Não houve preocupação de enfrentar um dos fatores mais nocivos à economia: simplificação tributária. Viemos ao longo dos últimos anos aprendendo a conviver com contabilidade criativa. Isso minou o que é fundamental para crescimento de qualquer País, a credibilidade. Credibilidade é palavra em falta hoje no Brasil”, disse.

Segundo ele, caso seja eleito, a melhoria das condições da competitividade da indústria será “tratada como obsessão absoluta”. O tucano também ressaltou em vários momentos a necessidade de um “choque de infraestrutura” para atração de capitais. “Juros mais baixos não serão realizados por voluntarismo ou discurso na televisão… o Brasil é refém hoje de populismo cambial”, disse.

O candidato também aproveitou o evento para reafirmar que nos primeiros dias do próximo governo será enviado ao Congresso projeto de simplificação tributária. Antes da apresentação do tucano, representantes da CNI apontaram alguns dos principais desafios do setor como a criação de ações voltadas para melhorar a competitividade das empresas, que passariam por melhorias nas condições “macro econômicas e segurança jurídica”.

“O desafio central é avançar na agenda da competitividade. A indústria pode ser sim o grande motor do crescimento”, afirmou Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultra. A mesma abordagem também foi feita a Eduardo Campos (PSB), o primeiro a participar da sabatina.

De maneira geral, o tucano repetiu as propostas apresentadas por Campos. Mas, no que se diferenciou do socialista, fez um aceno ao defender um câmbio desvalorizado – mantra que agrada ao setor industrial na disputa por mercados externos. “O Brasil, infelizmente, é refém hoje daquilo que podemos chamar de um populismo cambial. O governo federal (…) busca controlar a inflação com a intervenção permanente no câmbio em desfavor de quem produz no Brasil”, afirmou o candidato do PSDB.

Numa fala que transcorreu no horário do almoço, o tucano só foi aplaudido nos 30 minutos de fala uma única vez, contra sete vezes de Eduardo Campos. Mimetizando o socialista, o tucano disse que iria encaminhar ao Congresso nos primeiros dias de governo uma proposta para simplificar o sistema tributário, acabando com os impostos indiretos, e caminhar para a adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Também como o antecessor, Aécio defendeu o aumento da produtividade pela via da inovação. E, ao citar várias vezes a petista Dilma Rousseff, atacou a falta de capacidade do governo de motivar. “É muito importante que nós tenhamos clareza de que este ciclo perdeu a capacidade de gerar expectativas positivas para a economia”, disse.

No único momento de descontração da plateia, que riu, ele disse que não precisamos de Santander para afirmar as expectativas para a economia do País. E destilou dados da Fundação Getulio Vargas que apontam dificuldades para o setor.

Na tentativa de se diferenciar de Campos e Dilma, o tucano afirmou ser cético em relação a aqueles que se dizem “monopolistas da verdade, da ética e da verdadeira mudança”. “Tenho absoluta convicção que estamos construindo as bases sólidas para as mudanças de que o Brasil precisa”, afirmou.

Aécio foi o segundo a participar da sabatina realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, 30. No início da tarde, está prevista a participação da presidente Dilma Rousseff (PT). (Colaboraram Daiene Cardoso, Ricardo Della Coletta, Nivaldo Souza e Bernardo Caram)