O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou ontem que a oposição só vai discutir a reforma da Previdência se a base aliada e o PT apoiarem a proposta que será enviada pelo governo ao Congresso. Após entregar uma agenda com nove projetos legislativos do partido ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o tucano disse que Dilma só tem uma proposta para o País, que é a CPMF.

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“A reforma da Previdência só será discutida por nós da oposição, que compreendemos sua necessidade, no momento em que ela chegar ao Congresso com o apoio da sua base parlamentar, em especial do PT”, disse Aécio, que não abre possibilidade de negociação em torno da recriação da CPMF. O senador tucano entende que o retorno do imposto representa “a transferência do ônus dos equívocos e da irresponsabilidade cometidos por esse governo para a sociedade e as famílias brasileiras”.

O tucano entregou ao presidente do Senado uma lista de projetos que tramitam na Casa e são considerados prioritários para a oposição na agenda do primeiro semestre de votações. Na manhã de ontem, Renan pediu aos diferentes blocos partidários da Casa que enviassem suas propostas.

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Foi uma resposta a reclamações dos demais senadores – especialmente da base do governo – sobre o presidente do Senado ter montado a pauta de votação sem consultar o colegiado. “Nós nunca nos negamos a discutir matérias que sejam de interesse do País. Fomos chamados a apresentar propostas e apresentamos algumas sugestões”, afirmou Aécio.

A pauta do PSDB é composta por oito projetos que já tramitam no Senado. Segundo Aécio, o partido também vai protocolar um projeto novo, que indexa os benefícios do Bolsa Família à inflação. A proposta estava inserida na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016, votada pelo Congresso no fim do ano passado, mas foi vetada pela presidente Dilma.

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Entre as propostas de emenda constitucional, constam o projeto de restrição de quantidade de cargos comissionados na administração pública e o impedimento da União de criar encargos para Estados e municípios sem previsão de origem dos recursos. Há também um projeto de resolução de autoria do senador José Serra (PSDB-SP) que determina um limite para as dívidas bruta e líquida da União. Caso aprovada, a proposta não precisa ser avaliada pela Câmara e segue para sanção.

Outros projetos que causaram polêmica no ano anterior e foram apontados pelo PSDB como prioridade são a Lei das Estatais, acusada de transformar as empresas públicas em sociedade anônima, e o fim da obrigação de a Petrobrás ser a operadora única da exploração do pré-sal. Essa última é também prioridade para Renan, que pretende realizar a votação ainda nesta semana.

O PT também entregou suas propostas prioritárias para Renan, com foco em projetos de tributação progressiva e causas trabalhistas.

Oposição propositiva

As propostas entregues pelo PSDB ontem fazem parte da nova estratégia do partido de manter comportamento mais propositivo. Na Câmara, o movimento é semelhante. Lá, o PSDB também já havia firmado compromisso em apoiar as reformas estruturantes propostas pelo governo, com a condição de que PT e base de apoio entrassem em consenso. (Colaborou Igor Gadelha)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.