Os advogados da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) protocolaram na noite de hoje a defesa final no processo que ela responde no Conselho de Ética da Câmara. Como já tinha ocorrido nas vezes anteriores, não há nas 28 páginas do documento qualquer explicação sobre o vídeo no qual ela aparece ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa. A gravação foi revelada em primeira mão pelo “estadao.com.br” em março deste ano. O relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), deve apresentar o seu relatório sobre o caso no dia 8 de junho.

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A tese da defesa para pedir o arquivamento do processo contra Jaqueline é que o fato não pode ser investigado por ser anterior ao mandato. O vídeo é de 2006. Na época, ela concorria ao cargo de deputada distrital no DF. O único argumento novo da peça final da defesa, assinada pelos advogados José Eduardo Alckmin e Rodrigo Alencastro, é que durante a votação das mudanças no Conselho de Ética da Casa, ontem, os deputados derrubaram projetos de resolução que buscavam explicitar a possibilidade de julgamento de parlamentares por fatos anteriores à posse.

“É inegável que a mera existência das referidas propostas de alteração do Código de Ética representam, em si mesmo, o reconhecimento que o arcabouço normativo em vigor atualmente não permite a aplicação de qualquer sanção em relação a quem não detinha mandato parlamentar à época dos fatos supostamente qualificados como quebra de decoro”, diz o documento dos advogados de Jaqueline.

Para a defesa, o fato de o plenário ter rejeitado a mudança mostra que não há como punir a deputada com base no vídeo. Os advogados difundem entre os parlamentares, ainda, que uma condenação de Jaqueline pode abrir a possibilidade de processos contra outros deputados. “Tendo em vista o caráter político inerente a tais julgamentos, estar-se-ia abrindo portas para que sejam recriadas entre nós práticas políticas já sepultadas, à mora das Comissões de Reconhecimento e Verificação de Poderes, que procediam às célebres ‘degolas’ antes de 1930”, diz trecho do documento.

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As “degolas” citadas pela defesa da deputada aconteceram na Primeira República. Naquela ocasião, as comissões de reconhecimento da Câmara e do Senado não diplomaram alguns candidatos, simplesmente anulando votos desses candidatos. A defesa de Jaqueline rebate ainda a acusação de que ela teria usado verba indenizatória para pagar aluguel de imóvel do marido. Segundo os advogados, o pagamento foi somente de condomínio.

O documento rebate ainda a acusação de que ela tenha recebido propina para aprovar o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) quando era deputada distrital. A defesa afirma que uma CPI já ocorreu na Câmara Legislativa e que a deputada não foi indiciada.

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