A senadores, Dilma admite que crise gera “instabilidade”, mas pede apoio

A presidente Dilma Rousseff admitiu nesta segunda-feira à noite, 10, que a crise por que o país passa gera “instabilidade”. A petista disse ser legítimo os protestos dos cidadãos. Mas aproveitou o encontro para fazer um apelo aos senadores que a ajudassem a barrar eventuais pautas-bomba, propostas legislativas que causem impacto para os cofres públicos.

Em jantar promovido no Palácio do Alvorada com a presença de 43 senadores e líderes da base do Senado e 21 ministros, segundo relatos de presentes ao Broadcast Político, Dilma avaliou que projetos que aumentem gastos públicos não atingem apenas o governo, mas sim o País.

No encontro, que durou cerca de quatro horas, a presidente apelou aos senadores para ajudá-la na votação de propostas de interesse do país. Ela não falou diretamente da atuação da Câmara, presidia por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo há três semanas e impôs na semana passada duras derrotas ao Palácio do Planalto.

No encontro, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), comprometeram-se a ajudar o governo na construção de uma agenda de retomada do crescimento e melhoria da situação econômica. Citaram o pacote anticrise apresentado hoje pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para quatro ministros de Dilma, entre eles Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Renan, que estava afastado do Planalto desde março, na esteira do seu envolvimento na Operação Lava Jato, tem sinalizado disposição para ajudar a presidente. Ele não compareceu ao encontro, embora tenha se reunido com Dilma na quinta-feira passada, dia 06.

“A disposição dele (Renan) é de tentar contribuir com propostas para o país”, disse o líder do PT, Humberto Costa (PE). “A conversa é um avanço, partimos para discutir os problemas do país”, disse Jucá. “Ela (Dilma) fez um apelo para ter a colaboração com o Senado – sem fazer qualquer confronto com a Câmara – possa ajudar o Brasil neste momento de dificuldades”, completou o primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (AC), para quem boa parte dos atuais conflitos decorrem da falta de diálogo.

Não houve, segundo relatos, a discussão sobre nenhuma proposta durante o encontro. O projeto que trata da desoneração das empresas não foi debatido, mesmo sendo o primeiro item da pauta de votação desta terça-feira, 11. A presidente se comprometeu a nos próximos dias fazer uma rodada de conversas com presidentes e líderes partidários separadamente.