?A minha campanha eu faço é no pedal?

Em tempos difíceis para capturar a atenção e o voto do eleitor, quem não tem helicóptero, vai de bicicleta. Este é o lema do candidato a deputado estadual do PDT, o radialista Atalaia, que já comprovou a eficiência da bicicleta, não apenas como meio de transporte, mas também como artefato eleitoral. Nas eleições de 2004, ele fez três mil votos e não é vereador hoje porque seu partido à época, o PSL, não teve suficiente número de votos de legenda.

Atalaia fez toda a sua campanha de 2002 sob duas rodas. A bicileta, modelo Calói, com seis marchas, foi adaptada para se transformar no que ele chama de ?minipalanque eletrônico? móvel. O veículo ganhou instalações de rádio, microfone e aparelho de som, onde toca o jingle de sua campanha, quando o fôlego já não sustenta mais o discurso. O investimento foi de R$200,00.

?A minha campanha para deputado estadual eu faço é no pedal?, anuncia o candidato que, nestes três meses de campanha, tem percorrido em média cem quilômetro ao dia. ?Eu vou circulando e tocando minhas vinhetas com o número. Paro em frente aos tubos (estações tubulares que servem de ponto de ônibus) e o pessoal presta a maior atenção. Faço meus pequenos comícios e todo mundo escuta. Isso funciona muito?, relata o candidato.

Ele disse que as regras eleitorais deste ano o ajudaram a ganhar espaço na campanha. ?Com a nova lei eleitoral, os que tinham dinheiro não podem gastar com aquela parafernália toda para atrair o eleitor. Para mim, ficou mais fácil porque as pessoas acham curioso um candidato fazer campanha no pedal?, contou.

Atalaia comparou a eficiência de sua metodologia de campanha ao resultado alcançado pelos candidatos majoritários. ?Enquanto o presidente Lula pegou um avião para vir de Brasília até Colombo, onde conseguiu juntar cinco mil pessoas, eu, com a minha bicicleta, falo e sou visto todos os dias pelo triplo de pessoas?, esnobou.

A chuva não atrapalha a campanha, garante o candidato. Ele usa uma capa de chuva e cobre seus aparelhos com um manto plástico e segue em frente. Antes de tentar a sorte na política, Atalaia trabalhou anos como locutor na emissora de rádio da qual herdou o apelido. A emissora foi comprada por uma igreja pentecostal, e Atalaia perdeu o emprego para os pastores evangélicos. 

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