A Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga, em Curitiba, prendeu, na segunda-feira (30), dois homens acusados de receptação de cargas de bebidas. A polícia chegou até eles após o relato de um caminhoneiro, que teve o veículo e a carga roubados na noite da última sexta-feira (27). Os ladrões ainda não estão identificados. De acordo com o delegado Vinicius Augustus de Carvalho, coincidentemente, os dois acusados de receptação atuam no comércio de bebidas. ?Eles têm distribuidora clandestina de bebidas na cidade de Piraquara, na região de Curitiba?, disse. A carga está avaliada em cerca de R$ 16 mil, conforme notas fiscais apresentadas pela vítima.
A versão dos dois presos, Franque Alves Ferreira, 28 anos, e João Manoel da Silva Filho, 36 anos, de que Franque tinha comprado a bebida no estacionamento de um hipermercado em Pinhais, na região metropolitana, não convenceu a polícia. ?Descobrimos que o veículo ficou parado no endereço do comércio de João Manoel, em Piraquara, onde a bebida foi descarregada?, disse o delegado. A queixa foi registrada pela vítima, na manhã de segunda-feira (30).
Segundo o delegado, João Manoel disse que teria pago a Franque R$ 4 mil pelas bebidas. ?Essa versão é completamente infantil. Sabemos que, quando os ladrões agem, a carga já é encomendada. Ninguém vai roubar um tipo de carga, seja bebida ou outra, para tentar vender depois?, disse o delegado. De acordo com ele, isso prova que a dupla atua na ponta, na receptação. Além das caixas de bebidas roubadas na sexta-feira, no comércio ilegal de João Manoel foram apreendidas mais bebidas, também sem nota fiscal de compra. O delegado disse que uma parte da carga roubada tinha sido entregue a um outro receptador.
A polícia chegou até o comércio de João Manoel, em Piraquara, a partir de investigações que tiveram como ponto de partida o relato da vítima. Numa segunda versão, João Manoel disse que Franque teria ?deixado? a bebida ali e que cerveja e refrigerante teriam sido compradas sem a nota. Ambos foram indiciados em inquérito policial por receptação. Como a polícia também encontrou uma espingarda e um revólver na distribuidora de bebidas de João Manoel, ele ainda vai responder a inquérito por porte ilegal de arma. ?Vamos dar continuidade ao caso e tentar encontrar os ladrões, já que a vítima não reconheceu a dupla como participante do roubo?, falou o delegado.
Roubo
O caminhoneiro relatou que saía de uma distribuidora de bebidas, na BR-277, entre Curitiba e o litoral, por volta de 22h40, quando foi abordado por três homens, que se identificaram como policiais civis e pediram para ver a nota da carga. ?Ele nos contou que um dos ladrões é moreno claro, magro e tem cabelos pretos, o segundo é moreno e forte, mas do terceiro ele não recorda características físicas?, disse o delegado. O trio usava dois carros. O motorista foi, então, rendido, sob a mira de uma arma, e levado em uma Saveiro vermelha para um lugar que ele acredita ser uma chácara, de onde podia ouvir barulho de avião e de trem.
Com as mãos amarradas e os olhos vendados, a vítima acredita que permaneceu ali por cerca de duas horas. No local, ouviu vozes de uma pessoa idosa e de uma mulher. ?Ele foi ameaçado de morte caso reagisse?, disse o delegado. De acordo com a polícia, depois que a carga foi descarregada o caminhão foi abandonado no bairro Umbará e a vítima deixada, no meio da madrugada, em Piraquara. O caminhoneiro relatou que, além do trauma do roubo, teve mais prejuízo, uma vez que, do caminhão, ainda foram levados o tacógrafo, o aparelho de rodoar, ventilador, extintor, catracas e cintos de amarrações, lonas, cordas e chaves de manutenção.